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Uso de medicamentos para TDAH cresce, mas efeito protetor contra riscos graves diminui

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Estudo sueco mostra que, embora medicamentos reduzam riscos como acidentes e automutilação, impacto tem caído com a ampliação das prescrições.

 

Medicamentos utilizados no tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) têm mostrado benefícios que vão além do controle de sintomas como desatenção e impulsividade. Estudos anteriores já haviam apontado que seu uso pode ajudar a reduzir o risco de automutilação, lesões acidentais, acidentes de trânsito e envolvimento em crimes. No entanto, uma nova pesquisa realizada na Suécia sugere que esse impacto protetor tem perdido força ao longo do tempo.

 

Publicada no fim de junho no periódico JAMA Psychiatry, a análise avaliou dados de mais de 247 mil pessoas com TDAH, entre 4 e 64 anos, atendidas pelo sistema de saúde sueco entre 2006 e 2020. Ao comparar os períodos em que esses pacientes estavam medicados com aqueles em que não estavam, os pesquisadores identificaram uma associação consistente entre o uso dos medicamentos e a redução dos eventos adversos. Ainda assim, a intensidade dessa associação foi se enfraquecendo nos últimos anos.

 

 

Segundo a pesquisa, entre 2006 e 2010 — fase em que os tratamentos eram restritos a casos mais graves — os efeitos positivos dos medicamentos eram mais evidentes, especialmente entre as mulheres. Com a ampliação das prescrições para grupos com sintomas menos severos, o benefício relativo dos medicamentos sobre os desfechos do mundo real diminuiu. A tendência foi observada mesmo após o controle por fatores como idade e sexo.

 

Apesar da redução da força dessas associações, os autores ressaltam que o uso adequado dos medicamentos continua trazendo benefícios importantes, inclusive em termos de segurança e bem-estar. Para especialistas que comentaram o estudo, é essencial lembrar que o objetivo principal do tratamento é melhorar a qualidade de vida dos pacientes, não apenas evitar consequências graves.

 

O levantamento foi conduzido por pesquisadores do Karolinska Institutet e não contou com financiamento comercial. Os autores informaram não ter conflitos de interesse.

 

Fonte: CFF
Foto: Reprodução