Trama que estreia em outubro aborda desvio e adulteração de medicamento, problema que desafia autoridades e reforça o papel do farmacêutico.
Em outubro, estreia Três Graças, a nova novela das 9, que traz para o centro da trama um tema de altíssima relevância social: a falsificação de medicamento. Na história, a vilã Arminda, interpretada por Grazi Massafera, participa de um esquema criminoso que desvia verbas públicas destinadas a produtos de alto custo, substituindo-os por placebos revendidos no mercado clandestino. Apesar de inserida no universo da ficção, a prática retratada reflete um grave problema de saúde pública que compromete tratamentos, gera prejuízos bilionários e coloca vidas em risco.
A falsificação de medicamento envolve a produção ou comercialização de produtos sem o princípio ativo adequado, com dosagens incorretas, adulterados ou sem eficácia terapêutica. Esse crime silencioso ameaça especialmente pacientes em condições críticas, como aqueles em tratamento de câncer, doenças raras ou submetidos a transplantes. A ausência de resposta clínica pode acelerar a progressão da doença e, em muitos casos, levar ao óbito.
Do ponto de vista econômico, a falsificação de medicamento alimenta o mercado ilegal, reduz a arrecadação tributária e fortalece organizações criminosas. Além disso, mina a confiança da população nos serviços de saúde e sobrecarrega o sistema público, que já enfrenta dificuldades no fornecimento contínuo de tratamentos de alto custo. Nos últimos anos, observou-se uma mudança significativa: se antes predominavam falsificações de estimulantes e anabolizantes, hoje os principais alvos são antineoplásicos, antivirais e imunossupressores, refletindo tanto a sofisticação das quadrilhas quanto a vulnerabilidade da cadeia de distribuição.
O farmacêutico como barreira de proteção
Nesse cenário, o farmacêutico desempenha um papel essencial na defesa da saúde pública. Na prática diária, cabe a esses profissionais inspecionar embalagens, verificar lotes, selos de autenticidade e prazos de validade, funcionando como a primeira barreira contra a circulação de medicamento falsificado.
Além da conferência técnica, os farmacêuticos acompanham a resposta terapêutica dos pacientes, podendo identificar falhas de eficácia associadas ao uso de produtos adulterados. Também são protagonistas em ações de farmacovigilância, colaborando com autoridades sanitárias e policiais na investigação de irregularidades.
Outro aspecto central é a educação em saúde. Os farmacêuticos orientam a população sobre os riscos da aquisição de medicamento em canais não autorizados, em especial em plataformas digitais, e reforçam a importância de recorrer apenas a estabelecimentos regulares. Essa atuação educativa fortalece a prevenção e contribui para reduzir a demanda pelo mercado clandestino.
Ao incluir a falsificação de medicamento como fio condutor de sua narrativa, e ao colocar a personagem Arminda no centro do esquema criminoso, Três Graças expõe uma realidade que vai muito além da ficção. O tema evidencia a gravidade de um problema que ameaça vidas, compromete recursos públicos e desafia diariamente a segurança sanitária.
A novela estreia em outubro, mas o alerta precisa ecoar fora da tela. A atuação vigilante do farmacêutico, combinada com políticas de fiscalização rigorosas e maior conscientização da sociedade, é essencial para conter a falsificação. Cada medicamento adulterado não representa apenas uma fraude: é uma ameaça concreta à vida.