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Tadalafila como pré-treino: moda nas academias pode causar infarto e morte súbita

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Médico do Instituto Homem alerta para os perigos do uso indiscriminado de medicamento para ereção antes de atividades físicas. Vendas triplicaram no Brasil, mas riscos cardiovasculares são graves.

 

A morte de um jovem de 23 anos em Feira de Santana (BA), no dia 20 de outubro, reacende o alerta sobre uma tendência perigosa: o uso de medicamentos para disfunção erétil antes de atividades físicas.

 

Segundo informações da Polícia Civil, o rapaz tomou o medicamento antes de jogar futebol, passou mal com fortes dores de cabeça e sofreu parada cardíaca horas depois.

 

O caso não é isolado. O uso de tadalafila como “pré-treino” virou moda nas academias brasileiras. A promessa é de melhor vascularização e músculos mais “inchados”, mas os riscos reais incluem infarto, arritmia cardíaca e morte súbita.

 

O alerta é do médico Dr. Flavio Machado, fundador do Instituto Homem, clínica especializada em saúde sexual masculina com unidades em São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

 

“O caso da Bahia mostra na prática o que alertamos há anos: a tadalafila foi desenvolvida para tratar disfunção erétil, não para aumentar performance em atividades físicas. Muitos jovens acham que o medicamento dá mais força ou resistência, mas isso é um mito perigoso. O que ela faz é dilatar os vasos sanguíneos, e isso pode sobrecarregar o coração durante exercícios intensos”, explica Dr. Flavio.

 

 

Vendas triplicaram em quatro anos

Segundo dados do setor farmacêutico, as vendas de tadalafila triplicaram no Brasil entre 2020 e 2024. Somente no primeiro semestre de 2024, foram comercializadas mais de 31 milhões de caixas, colocando o medicamento entre os três mais vendidos do país – atrás apenas de losartana e metformina.

 

Boa parte dessas vendas não está relacionada a pacientes com diagnóstico médico, mas a homens jovens e saudáveis que buscam resultados estéticos rápidos nas academias.

 

“É comum ouvir relatos de que o remédio ‘melhora o pump’ ou dá aquela vascularização visível. Mas esse efeito é puramente visual e temporário. Não há ganho real de força, resistência ou hipertrofia. O risco, porém, é permanente”, afirma o médico.

 

O que acontece no corpo durante o treino

A tadalafila atua como vasodilatador, relaxando os vasos sanguíneos e aumentando o fluxo de sangue. Durante o exercício físico intenso, o coração já trabalha acelerado para suprir os músculos com oxigênio e nutrientes.

 

Quando a pessoa combina o esforço físico com o efeito do medicamento, o sistema cardiovascular pode entrar em colapso. Queda brusca de pressão, arritmias, desmaios e até parada cardíaca são consequências possíveis.

 

“É como acelerar um carro sem freio. O corpo perde o controle, e o risco é ainda maior em quem nunca fez um check-up cardiológico”, compara Dr. Flavio Machado.

 

Efeitos colaterais e dependência psicológica

Além dos riscos cardiovasculares, o uso incorreto pode causar dor de cabeça intensa, tontura, taquicardia, vermelhidão facial, dores musculares e falta de ar.

 

Pessoas com doenças cardíacas, hipertensão, problemas hepáticos ou renais, ou que fazem uso de nitratos e outros medicamentos cardiovasculares, estão em risco ainda maior.

 

Outro problema pouco discutido é a dependência psicológica. “Alguns homens passam a acreditar que só conseguem ter bom desempenho no treino ou na relação sexual se usarem o medicamento. Isso pode gerar ansiedade de performance e até disfunção erétil induzida”, alerta o fundador do Instituto Homem.

 

A alternativa segura existe

Dr. Flavio Machado reforça que é possível melhorar o desempenho físico e sexual de forma natural e segura: sono de qualidade, treino orientado por profissionais, alimentação balanceada e acompanhamento médico regular são os pilares da performance real.

 

“A saúde não tem atalho. Homens que já utilizam a medicação sem orientação devem procurar avaliação médica imediata e realizar exames como eletrocardiograma, ecocardiograma e dosagens hormonais”, orienta.

 

O Instituto Homem atua com foco em saúde sexual masculina, oferecendo educação, prevenção e tratamento com base científica e sem tabus.

 

“A tadalafila pode salvar vidas quando bem indicada, mas pode tirá-las quando usada de forma irresponsável. Informação é o melhor remédio”, conclui Dr. Flavio Machado.

 

Fonte: G1
Foto: Reprodução