Pesquisadores avaliaram dados de 1,2 milhão de pessoas em tratamento para obesidade com os remédios.
Mais de metade dos usuários de canetas emagrecedoras recupera ao menos parte do peso perdido um ano após interromper a medicação, segundo um novo estudo.
Os pesquisadores analisaram 1,2 milhão de adultos nos EUA, entre janeiro de 2010 e junho de 2024. Eles tomavam medicamentos GLP-1 para obesidade ou diabetes tipo 2, registrados no banco de dados Market Clarity da Optum, que liga prontuários eletrônicos a dados de seguros.
Desses, 18.228 interromperam o tratamento após perderem pelo menos 5% do peso corporal, a maioria com diabetes tipo 2.
Do total de pessoas analisadas, mais da metade utilizava semaglutida (do Ozempic e Wegovy). Os 56% restantes tomavam liraglutida (Saxenda) ou tirzepatida (Mounjaro). Os dos primeiros são análogos de GLP-1, que agem enganando o cérebro, fazendo-o pensar que o corpo está saciado, reduzindo o apetite. Já a tirzepatida é um duplo agonista, ou seja, atua no GLP-1 e em hormônio adicional envolvido com a saciedade, chamado GIP.
Em média, os pacientes usaram as injeções por pouco mais de oito meses antes de interromper o uso. Todos os participantes do grupo eram considerados obesos ou com sobrepeso, com índice de massa corporal (IMC) médio de 39.

Do grupo todo, mais da metade ainda utilizava o medicamento GLP-1 após seis meses, e 38% continuavam usando após um ano. Ao todo, 58% dos usuários recuperaram peso após interromper o tratamento.
O reganho de peso aumentou conforme o tempo desde a interrupção das injeções: 4,5% do peso corporal em três meses, quase 6% em seis meses e 7,5% após um ano sem o medicamento.
O estudo, apresentado na Obesity Week 2025, em Atlanta, nos EUA, constatou que o reganho de peso após a interrupção do tratamento foi mais extremo entre aqueles que haviam emagrecido mais com a ajuda dos medicamentos.
Segundo o moderador da sessão na qual as conclusões foram apresentadas, John Apolzan, especialista em nutrição do Pennington Biomedical Research Center, o mais saudável para pacientes que requerem tratamento medicamentoso da obesidade é seguir com o uso.
— Acho que isso reforça o que estamos percebendo: essas classes de medicamentos para obesidade não podem ser descontinuadas, pois isso pode ter efeitos negativos e causar recuperação de peso a longo prazo. É como muitos outros medicamentos prescritos, como os anti-hipertensivos. Uma vez que você começa a tomá-los, tende a permanecer neles e não interrompê-los.





