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Caduquice é o mesmo que Demência?

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2022-03-28 14:15:23

 

O professor Gustavo Alves mostra em sua crônica algo que é muito comum no julgamento dos mais jovens para os mais idosos: a falta de noção de demência. 

 

 

foto: jornal semanário

 

Até pouco tempo atrás, era bastante comum o uso do termo “caduquice”. De tal forma que bastava ser idoso e apresentar sinais evidentes daquilo que hoje chamamos de declínio cognitivo para dizer, “este velho está caduco!”. Notem bem, a expressão “velho” fica como registro do linguajar popular, já que sabemos que se trata de um termo pejorativo demais e que deve ser evitado.

À medida em que a Ciência avançou e conseguiu reconhecer novas doenças e patologias, foi possível quebrar vários paradigmas e estabelecer novas bases de conhecimento. E isto se aplica para as demências.

Um exemplo disto é a Doença de Alzheimer, uma demência dentre as mais de 100 que conhecemos, mas que que foi reconhecida em 1906 por Alois Alzheimer, e que somente após o início dos anos 1990 é que verdadeiramente passou a ser amplamente estudada.

Imaginem, uma doença tão importante e que afeta tantos idosos, ficou por décadas sem merecer grandes investigações. Neste período, praticamente quase todo o século XX, ter Alzheimer estava associada a ser caduco ou caduca. Da mesma forma ter outro tipo de demência como Lewy, Frontotemporal, Huntington, vascular…também significava erroneamente ser esclerosado, caduco.

Até o termo esclerosado entrou no vocabulário popular, e hoje sabemos que a Esclerose Lateral Amiotrófica, a mesma doença do famoso cientista Stephen Hawking, não se enquadra exatamente no contexto de uma demência.

 

É preciso deixar claro que Demência é um termo bastante amplo, geralmente de diagnóstico não tão simples, que só pode ser realizado por um médico e que pode contar com suporte da Equipe Multidisciplinar.

 

A Demência é uma síndrome, isto é, tem sinais e sintomas característicos, além disso afeta aquilo que chamamos de cognição.

A cognição nos permite interagir com o meio em que vivemos. Ouvir e identificar o que ouvimos; enxergar e interpretar as imagens; articular palavras, frase e falar; aprender novas coisas; memorizar; identificar pessoas e objetos; tudo isto é cognição.

Imagine que uma pessoa com demência começa a perder estas capacidades e com o passar do tempo passa a ter alterações do seu comportamento: fica irritada, pode ter surtos, quadros depressivos, insônia. Enfim a demência inclui estas manifestações.

 

 Mas felizmente todas as demências têm algum tratamento, embora nem todas tenham cura. Seguir as orientações médicas e aderir ao tratamento é fundamental.

 

A Demência de Alzheimer é a mais comum, corresponde a cerca de 65% das demências, seguida pela Demência Vascular, Lewy e outras, menos frequentes.

 

JOVEM TAMBÉM FICA DEMENTE

 

Nem todas as demências se iniciam quando somos idosos. Muitas ocorrem na fase adulta, como por exemplo Huntington, uma doença hereditária, na qual os sintomas surgem entre os 35 e 44 anos de idade. Outro exemplo é Parkinson, que pode evoluir para uma Demência, não sendo exatamente uma doença exclusiva de pessoas idosas.

 

Uma questão muito importante: todas as pessoas, independente de estarem se sentido na plenitude da saúde ou não, devem procurar um Geriatra logo que completam 50 anos. Não se trata de exagero, pelo contrário, essa atitude pode ter um significado que vai além do autocuidado, com consequências positivas para a manutenção da saúde.

 

Precisamos eliminar o estigma de que ter uma demência significa o fim da vida ou algo parecido! Como eu frisei anteriormente, embora sem cura, demências como o Alzheimer, por exemplo, tem tratamento.

 

É possível dar qualidade de vida ao idoso com demência, reduzir os danos provocados pela doença, prorrogar o avanço da doença. E tão ou mais importante que o tratamento médico, será o cuidado, a companhia e o carinho dos familiares e pessoas próximas.

Os medicamentos utilizados no tratamento de qualquer demência exigem cuidados quanto aos horários de tomadas, se devem ou não ser ingeridos próximo às refeições, por isso procure sempre o Farmacêutico para lhe orientar quanto à forma correta de uso dos medicamentos!

 

Gustavo Alves Andrade dos Santos

Farmacêutico, Doutor em Biotecnologia

Professor da Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic

Coordenador do grupo de Cuidado farmacêutico ao Idoso do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.

Twitter: @gustavofarmacia

Instagram: @gusfarma   Email: gusfarma@hotmail.com