2022-03-08 15:28:03
No Dia Internacional da Mulher, data que celebra as conquistas e reivindica os direitos das mulheres, o olhar é sobre a menor participação feminina dos últimos 30 anos no mercado de trabalho, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Foto: Divulgação São João
Na contramão da maioria dos setores, o varejo farmacêutico foi um dos que mais gerou empregos para as mulheres nos últimos dois anos, segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).
Na Rede de Farmácias São João, dos cerca de 15 mil colaboradores, 11 mil 497 são mulheres, um percentual de 73,8%. A presença feminina é maior nas mais de 900 lojas da rede e também nos cargos de gestão.
Elas ocupam 70% dos postos de comando da empresa, 1187 gestoras e 510 gestores, de um total de 1697 funções de liderança.
Deste quadro de gestoras, Taline Corso, atualmente coordenadora regional, é a colaboradora que está há mais tempo na São João. Ela conta que na data da admissão a rede tinha apenas 5 lojas e que foi contratada em Nova Prata (RS) junto com a irmã gêmea Taise Corso, também coordenadora regional.
“Quando comecei tínhamos uma ideia mais machista, em que cargos de liderança seriam apenas para homens. Hoje podemos ver o quanto somos valorizadas. Isso mostra que a São João aposta e confia na capacidade feminina. As oportunidades são dadas para todos, homens e mulheres”, pontua.
Colaboradora da Rede desde 2011, com formação em Psicologia, Estefânia Cazarolli recebeu no último ano o desafio de assumir a coordenação de Recursos Humanos da 4ª maior rede de varejo farmacêutico do país. “Tudo que vem como desafio, me impulsiona! A São João contribuiu para que eu pudesse desenvolver a capacidade de resiliência e liderança. Aqui temos a oportunidade de crescimento profissional”, afirma a gestora de RH.
Inserção feminina em todas as faixas etárias
Na São João, a empregabilidade feminina é estimulada desde os 14 anos de idade com o Programa Jovem Aprendiz, para estudantes do Ensino Médio. A valorização segue em todas as faixas etárias e as colaboradoras com mais idade passam dos 70 anos, já que a experiência é considerada indispensável para compor o quadro de colaboradores da rede.
A gestora de Treinamento e Desenvolvimento de Recursos Humanos, Vera Estrasulas, de 71 anos, fala sobre o quanto é preciso mudar a cultura de aposentadoria e o preconceito com trabalhadores com mais de 60 anos. “Está na nossa cultura e não é apenas o preconceito pela idade por parte das empresas, mas também a postura dos trabalhadores, porque o trabalho precisa ser uma fonte de prazer, realização e crescimento. É líquido e certo que quanto mais a gente aprende, melhor conseguimos dar conta daquilo que precisa ser feito”, explica.
Pague Menos comprometida com a igualdade de gêneros
O comprometimento com a igualdade de gêneros também é uma premissa do trabalho das Farmácias Pague Menos, que já possui o certificado Women on Board (WOB), uma iniciativa independente apoiada pela ONU Mulheres, que reconhece empresas que tenham pelo menos duas mulheres em seu Conselho de Administração. Além de se destacar com duas conselheiras, Rosilândia de Queirós Lima e Manuela Vaz Artigas, a companhia é uma das poucas no Brasil a ter uma mulher na presidência do colegiado – a própria Patriciana Rodrigues.
“O ESG vai muito além de um conceito. Trata-se de um instrumento precioso para ampliar elos efetivos entre a sociedade e as empresas que integram o ecossistema farmacêutico e de saúde no Brasil”, acredita Patriciana.
Contratação de mulheres melhora resultados do Grupo Tapajós
No caso do Grupo Tapajós, líder no setor farmacêutico do Norte, e que já tem maioria de colaboradores formada por mulheres, a mudança foi visualizada com maior clareza no centro de distribuição (CD). Por ser um ambiente associado ao sexo masculino em diversas companhias, a empresa resolveu fazer uma aposta diferente e investir na contratação do sexo oposto. Com o sucesso, planejam continuar abrindo vagas para elas no setor.
“Nossas novas colaboradoras entraram numa curva de aprendizado ascendente. A primeira semana foi o tempo de conhecerem o local e manusearem os coletores. Já na segunda semana engataram uma marcha rápida e a partir da terceira a produtividade foi lá para cima”, relata Jardison Cardoso da Costa, coordenador de logística do GT.
Ele explica que o setor é dividido por esteiras semelhantes a ruas e, nesses espaços, os auxiliares de estoque, na função de separadores, recebem os medicamentos e fazem a leitura de um código no item para registrar no sistema. Depois, o guardam em caixas. A preocupação nesse processo é não danificar os produtos e também ter agilidade.
“Nossa média de produtividade era a leitura de 1,5 mil unidades por turno de 7 horas; e não tínhamos tanta qualidade e assertividade. Elas, porém, superaram nossas expectativas e chegam a produzir até 4,7 mil unidades no mesmo período em que homens também atuam. Isso fez até melhorar o desempenho dos rapazes, porque se viram no dever de acompanhar os números dela”’, comenta.
Liderança
As mulheres estão presentes nos mais distintos setores do Grupo Tapajós, muitas delas em posições estratégicas e cargos de liderança. É o caso da gerente de controladoria e financeiro, Élida Zamberlan. Formada em Ciências Contábeis, ela é responsável por analisar e apresentar soluções a uma série de processos na empresa, desde a área de Recursos Humanos até o Marketing. Além disso, cuida das operações financeiras do grupo.
‘Falando de mercado, essa área de finanças é um ambiente praticamente dominado por homens. É raro ver mulheres, até porque chegar até esse posto é uma dificuldade em outros lugares. Costumo dizer que, nessa profissão, a mulher precisa trabalhar até quatro vezes mais que um homem para se destacar’, pontua a gerente.
Outro ambiente considerado masculino, a área da construção civil, é também liderado por uma mulher no Grupo Tapajós. A coordenadora de obras e reformas, Paula Fernanda Souto Campos, visita canteiros, faz fiscalização e participa da criação de projetos ligados à área. Destaca que em todas essas atividades é preciso ter voz ativa. ‘Hoje, a mulher ocupa cargos de lideranças que jamais seriam dados a elas antes. Por isso, digo a todas que busquem conhecimento para fazer sempre um bom trabalho, porque você tem o direito de poder atuar onde quiser’, afirma a coordenadora.