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Os riscos do uso de Paracetamol em idosos

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2021-06-15 18:32:34

 

Gustavo Alves traz essa semana em sua crônica o riscos do paracetamol em idosos e os cuidados a ser tomado.

 

O Paracetamol foi introduzido no mercado em 1950, tornando-se um dos mais populares analgésicos e antipiréticos usados em todo o mundo. Trata-se de uma droga bastante eficiente, com resultados expressivos no combate à dor e a processos febris, em todas as idades.

Quanto ao aspecto da segurança do paciente, mesmo em doses terapêuticas, o Paracetamol pode trazer alguns inconvenientes, mas para que isso ocorra, o paciente deve preencher algumas condições clínicas preexistentes: doenças hepáticas e renais são as mais importantes. Atenção, nem todo paciente nefropata ou hepatopata será susceptível aos efeitos danosos do Paracetamol, se administrado em doses terapêuticas, mas o monitoramento das funções renais e hepáticas sempre deverá ser realizado para usos prolongados.

Mas atenção, caso o Paracetamol seja utilizado acima das doses diárias preconizadas e por tempo excessivo, os danos podem ser significativos, podendo chegar a provocar hepatite medicamentosa e morte.

Os idosos apresentam performance hepática bastante peculiar, com redução do fluxo de sangue no fígado, diminuição do volume (tamanho) do fígado, queda no metabolismo de alguns medicamentos com redução na taxa de biotransformação. Além disso idosos podem fazer uso de outros remédios, o que sobrecarrega o fígado.

Quando nos referimos a biotransformação e metabolismo, tratamos da condição do fígado de transformar substâncias que ingerimos em componentes menos tóxicos, para serem em seguida eliminados pela urina, fezes, etc. Estas substâncias são originadas na alimentação, ar que respiramos e mesmo dos medicamentos. Neste contexto, o Paracetamol precisa ser então metabolizado, biotransformado e eliminado, só que em idosos este trabalho é reduzido, prejudicado pela diminuição da atividade hepática, daí então a preocupação de médicos e farmacêuticos.

A dose diária da Paracetamol para um adulto, segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é de no máximo 4 gramas ao dia, sendo assim se o indivíduo tomar 4 comprimidos, 1 cada 6 horas, de 750 mg cada, embora não atinja o limite máximo, terá chegado próximo disso. Se mantiver o uso por período constante, sem interrupção, os problemas hepáticos surgirão. Além disso, há um outro problema, devido a automedicação, muitas vezes, além do Paracetamol, acaba se utilizando outro medicamento que contenha também o Paracetamol na sua fórmula. Existem chás antigripais que possuem Paracetamol na sua formulação, todo cuidado é pouco.

Devemos considerar também outros medicamentos que sobrecarregam as funções hepáticas em idosos e o consumo de bebidas alcoólicas. Pessoas que mantém o hábito etilista, que consomem álcool com alguma regularidade, ao usarem Paracetamol, correm grandes riscos. Caso sejam idosos, este risco será exacerbado, fato comprovado pelo alto número de internações de decorrentes de danos hepáticos.

 

A intoxicação hepática por Paracetamol

É considerada a principal causa de danos ao fígado no ocidente. Nos EUA (Estados Unidos) representa mais de 50% dos casos de falência hepática por overdose (doses acima) e 20% dos transplantes de fígado.

Sintomas como náuseas, vômitos e confusão mental em pessoas que fazem uso frequente de Paracetamol, principalmente os idosos, devem ser investigados imediatamente.

Medicamentos como antidepressivos, anticoagulantes, anticonvulsivantes e fitoterápicos como Gingko biloba e Erva de São João, devem ser usados com cautela em pessoas que façam uso frequente de Paracetamol, pois terão seus efeitos alterados e pode ocorrer reações adversas muito indesejáveis.

Em suma, o Paracetamol é uma droga com resultados clínicos importantes no combate à dor e febre, ainda que aja como paliativo para a dor, não resolvendo a causa, mas seu uso deve ocorrer sem excessos na dose e período de tratamento. Em adição, caso o paciente seja portador de doenças hepáticas, alcoólatra ou idoso, deve-se ter a máxima atenção, buscando aconselhamento Médico ou do Farmacêutico.

 


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Gustavo Alves Andrade dos Santos

Farmacêutico, Doutor em Biotecnologia
Coordenador do grupo de Cuidado farmacêutico ao Idoso do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.

Twitter: @gustavofarmacia
Instagram: @gusfarma
Email: gusfarma@hotmail.com