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Os idosos precisam tomar a 3a dose da Vacina?

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2021-08-24 19:03:04

 

Gustavo Alves traz em sua crônica como as pesquisas vem demonstrando a necessidade de uma dose de reforço principalmente para os idosos.

 

O rápido avanço para o desenvolvimento e a utilização de uma vacina para combater o Covid-19 surpreende a todos, entretanto sempre gosto de salientar que muito dessa rapidez e agilidade se deve ao fato de plataformas para uma vacina contra Coronavírus já estarem em produção há mais de uma década. Sim, a partir da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) no começo do século XXI e depois com a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) em 2012, os cientistas deram início aos estudos para viabilizar a vacina. Ambas, SARS e MERS são causadas por Coronavírus, sendo assim algumas importantes mudanças foram feitas para adaptação ao SARS-Cov-2, que conhecemos como Covid-19, mas já tínhamos um “chassi”, um modelo inicial.

A vacinação em massa é a principal arma contra a disseminação do Covid-19, mas é imprescindível contar com 3 fatores para que o sucesso da Campanha de Vacinação aconteça:

  • Velocidade da vacinação
  • Adesão das pessoas
  • Plano de imunização

 

A vacinação deve ocorrer no menor espaço de tempo possível, com a máxima adesão de todos (todas as doses) e com ação direta do poder público no planejamento e elaboração de estratégias.

Sem dúvida alguma dentre os públicos citados como de maior vulnerabilidade diante do Sars-Cov-2 estão os idosos. Os dados epidemiológicos são gritantes, no Brasil por exemplo, até maio de 2021, 71,5% dos mortos tinham 60 anos ou mais; nos Estados Unidos os mortos com 60 anos ou mais corresponderam a 79,7% e na Itália, 95,4%.

É bem verdade que esses números foram ainda piores em 2020, já quem em 2021 o público mais jovem passou a ser mais afetado. O crescimento do número de casos entre jovens e a mortalidade por Covid-19 nesse faixa da população tem se dado devido ao surgimento de novas variantes do vírus, neste momento a Delta, mas não nos esqueçamos da variante C.37, conhecida como Lambda, uma ameaça bem próxima.

Quando se fala em Vacinas para idosos ou mesmo medicamentos em geral, é importante lembramos que idosos têm fisiologia muito diferente de adolescentes e jovens adultos. A performance renal, cardíaca e pulmonar dos idosos sofre mudanças importantes. Cai a taxa de filtração glomerular (capacidade dos rins de filtrar substâncias tóxicas), ocorre redução das trocas gasosas, dentre outras mudanças.

Mas uma das questões mais impactantes no que diz respeito às variações promovidas pelo envelhecimento, é justamente a redução da resposta imunológica. O idoso não consegue formar anticorpos na mesma proporção e eficácia se comparado a jovens em estado hígido (normal), por isso contraem gripes com mais frequência, ficam mais expostos a pneumonias, infecções renais (urinárias) dentre outras.

Ao receberem as duas primeiras doses da vacina contra o Covid-19, terão se tornado aptos a combater o vírus da mesma forma que um adolescente ou jovem adulto? A resposta é não!!

Pesquisas realizadas em várias partes do mundo têm demonstrado a necessidade de uma dose de reforço, pois os resultados promovidos pelas doses iniciais da vacina em idosos podem não produzir o mesmo tempo de proteção contra a exposição ao vírus. Pode parecer um pouco precoce esta demanda, de uma terceira carga de vacina, ainda que tenhamos dúvidas quanto ao espaçamento (semanas) entre a segunda e terceira dose, mas é muito provável que ela deva acontecer.

Também destacar que uma nova carga vacinal vai depender do tipo de vacina: genética, vetor viral, cavalo de Tróia…cada uma tem uma determinada quantidade de doses necessárias para criar imunidade, sendo que em idosos isso pode mudar.

Ainda é muito importante lembrarmos que enquanto discutimos doses adicionais, o Brasil sequer vacinou até esta data, metade da sua população, longe disso, e existem muitos países que ainda não conseguiram concluir a primeira dose.

Acredito que nas próximas semanas esta temática das novas doses seja ainda mais discutida, com mais dados disponíveis, possibilitando maior garantia e segurança quanto às doses adicionais.

 

Na dúvida sobre medicamentos, procure sempre um farmacêutico.

 


 

 

 

 

Gustavo Alves Andrade dos Santos

Farmacêutico, Doutor em Biotecnologia
Coordenador do grupo de Cuidado farmacêutico ao Idoso do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.

Twitter: @gustavofarmacia
Instagram: @gusfarma
Email: gusfarma@hotmail.com