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Como será o serviço farmacêutico no pós-pandemia?

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2021-08-27 11:06:01

 

A implementação do serviço farmacêutico se trata de um caminho sem volta e a viabilidade na prestação de um serviço de qualidade somente virá se ela também for pensada do ponto de vista econômico.

 

De acordo com dados divulgados recentemente pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), entidade de classe que reúne as maiores varejistas do segmento Farma do Brasil, mais de 8 milhões de testes rápidos para a Covid-19 foram realizados nas farmácias vinculadas à associação de abril de 2020, até julho de 2021.

Os dados dão conta ainda que, neste momento, 90% dos testes realizados são do tipo AG, aquele que é utilizado nos primeiros dias dos sintomas e visam identificar o indivíduo que está com a infecção ativa. São números impressionantes, que há alguns meses eram impensáveis.

O reconhecimento das farmácias como estabelecimentos de saúde é ainda recente e parte da Lei 13.021/2014. Esta lei foi fundamental para dar sustentação para esta revolução silenciosa que vem acontecendo no varejo farmacêutico brasileiro. 

Grande parte das lideranças ligadas às grandes redes do varejo farmacêutico já perceberam o esgotamento da fórmula de descontos em medicamentos como diferencial em um mercado absurdamente competitivo, e enxergam o posicionamento da farmácia como um polo de acesso a serviços de saúde como alternativa.

Serviço farmacêutico no pós-pandemia

Vários tem sido os movimentos para padronizar minimamente os serviços no ambiente da farmácia, sejam os atendimentos, a vacinação e, mais recentemente, a realização de testes rápidos, também chamados de testes point of care ou POC.

Atendimentos e vacinação já possuem uma regulamentação que define os parâmetros mínimos para a sua execução. Entretanto, para a realização dos Testes Laboratoriais Remotos (TLR) no ambiente da farmácia, ainda estamos em uma “zona cinzenta”.

Apesar de duas consultas públicas já terem sido realizadas para se discutir a alteração das RDCs 44 e 302, que normatizam as atividades da farmácia e dos laboratórios respectivamente, ainda não há uma legislação que ampare plenamente a realização destes serviços.

O fato é que todas as grandes redes já perceberam que se trata de um caminho sem volta e que a viabilidade na prestação de um serviço de qualidade somente virá se ela também for pensada do ponto de vista econômico.

A testagem para o Covid-19 foi um ótimo exercício e traz um exemplo de modelo bem-sucedido no qual a sociedade é apresentada a um serviço relevante, e que traz para o varejista uma nova fonte de receita, um clássico modelo ganha-ganha.

Oferta de serviços integrados

O que virá pela frente neste segmento não tem precedentes no Brasil. A efetivação da oferta de serviços integrados de saúde na farmácia, em parcerias com empresas, planos e operadoras de saúde é mera questão de tempo.

A farmácia é o único estabelecimento de saúde presente em todos os municípios brasileiros, com uma capilaridade impossível de ser emulada.

Desta forma, a oferta de vacinas, atendimento primário e testes rápidos para detecção precoce de doenças crônicas e infecciosas irá modificar, de forma contundente, a jornada do cliente/paciente de um País com estrutura laboratorial precária.

A abertura dessa nova fronteira vai de encontro à centralização do diagnóstico observado nas últimas décadas. A tendência é a farmácia, na figura do profissional farmacêutico, assumir esse papel. 

Tecnologia para isso já existe, na medida em que hoje esse serviço e a realização de testes rápidos pode ser realizado em uma sala de serviços farmacêuticos, mesma tecnologia encontrada em um laboratório convencional.

O rastreamento de doenças como diabetes, HIV, sífilis e tantas outras pode e deve ser feito nesse ambiente. Prova disso foi o sucesso observado na testagem para Covid-19. Os farmacêuticos e executivos do varejo que não se atentarem para essa nova realidade correm o risco de perderem o compasso de um movimento sem volta e se tornarem obsoletos.