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Toxina de escorpião pode ajudar em novos tratamentos para dor crônica

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2019-09-03 12:00:08

 

Em estudo, o veneno do animal demonstrou facilitar o transporte de medicamentos no organismo.

 

Uma toxina encontrada dentro do escorpião australiano Black Rock pode auxiliar no tratamento de dor crônica. A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco, nos EUA, e da Universidade de Queensland, na Austrália.

Trata-se de uma proteína, que os cientistas denominaram de “toxina receptora wasabi” (WaTx, na abreviação em niglês). Durante a investigação, os experts notaram que a Watx do Black Rock tem como receptor a TRPA1, uma outra proteína, que está presente em praticamente todos os animais, de vermes a humanos.

Ao se conectarem, as duas proteínas desencadeiam uma resposta dolorosa no organismo – uma pista valiosa para o estudo de mecanismos da dor.

“Pense no TRPA1 como o ‘alarme de incêndio’ do corpo para irritantes químicos [presentes] no meio ambiente”, sugere John Lin King, estudante de doutorado e principal autor do estudo, em um comunicado à imprensa. “Quando esse receptor encontra um composto potencialmente prejudicial (…), ele é ativado para que você saiba que está sendo exposto a algo perigoso e que precisa se retirar.”

A proteína TRPA1 também pode ser ativada por poluentes, como fumaça de cigarro. Só que aí, em vez de sentir dor, aparecem tosse e inflamação nas vias aéreas.

Os pesquisadores descobriram que, uma vez no nosso organismo, a toxina do escorpião é capaz de atravessar a parede celular. O esperado, no entanto, seria que ela fosse barrada pelos mecanismos de defesa do corpo.

“Foi surpreendente encontrar uma toxina que possa passar diretamente através das membranas”, diz Lin King. “Mas também é emocionante, porque se você entender como esses peptídeos atravessam a membrana, você pode usá-los para transportar coisas — drogas, por exemplo — para dentro da célula”, completa. Os autores acreditam que esses achados podem abrir caminhos para o desenvolvimento de novos analgésicos.