2019-07-11 11:30:08
Com a contribuição voluntária do farmacêutico-bioquímico Gustavo Oliveira, do Laboratório de Hematologia do Hemonorte, a Maternidade Escola Januário Cicco, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (MEJC-UFRN), passou a realizar o isolamento de células-tronco do cordão umbilical, no momento do nascimento do bebê.
O serviço é ofertado pelo SUS por meio do Brasilcord, Rede do Ministério da Saúde vinculada ao Instituto Nacional de Câncer (Inca), em parceria com a maternidade da UFRN, que é vinculada à Rede Hospitalar Ebserh, e o Hemocentro do Ceará (Hemoce), que integra a rede de bancos públicos de cordão umbilical e, no Nordeste, é responsável pelo armazenamento do material.
Com mestrado e doutorado nas áreas de genética e biotecnologia e atuante há mais de dez anos na rede privada, Gustavo Oliveira realiza esse tipo de procedimento há dois anos em crianças com doenças do sangue que fazem tratamento na Liga Contra o Câncer ou no Hospital Infantil Varela Santiago. “Recebi uma solicitação da Defensoria Pública da União para realizar o procedimento pelo SUS, através do BrasilCord”, explica.
Nesse tipo de procedimento, o sangue do cordão umbilical é coletado imediatamente após o nascimento do bebê, de onde são obtidas as células-tronco. De acordo com Gustavo, após o parto natural ou cesária, o material é colhido e levado ao Laboratório de Hematologia do Hemonorte, onde é feita a estabilização destas células, e posteriormente é enviado ao Hemoce para a guarda do material em criopreservação, que é feita a 196 graus negativos.
Em 2019, o especialista já atendeu a cinco pacientes na MEJC-UFRN. “Os pacientes que me procuram para o serviço de isolamento das células tronco são encaminhados pela equipe de Onco-Hematologia Pediátrica da Liga Contra o Câncer ou do Hospital Infantil Varela Santiago. Geralmente, a gestante quer colher o sangue do cordão para que seja doado para outro filho portador de Leucemia”, destaca.
A aceitação dessa célula-tronco pelo organismo depende de compatibilidade, que é genética. “São cerca de oito regiões que a gente precisa avaliar e a MEJC é fundamental nesse processo, pois oferece toda ambiência necessária para realizar o procedimento de forma estéril”, completa. Segundo ele, a doação entre irmãos possui uma taxa de 47% de compatibilidade.
O material armazenado pode ser utilizado em transplante para pacientes com leucemias, linfomas, anemias graves, anemias congênitas, hemoglobinopatias, imunodeficiências congênitas, mieloma múltiplo, além de outras doenças do sistema sanguíneo e imune. “Estamos aí fazendo esse trabalho, ainda de maneira voluntária, porque a gente não deixar uma criança dessas sem auxílio. Conhecendo a técnica, conhecendo o material, o Hemocentro do Ceará e o do Rio Grande do Norte e a Maternidade se dispuseram a participar, então a gente tem que contribuir”, acrescenta.
Para ser doadora a gestante tem que atender a critérios específicos. Dentre eles, deve ter entre 18 e 36 anos, ter feito no mínimo duas consultas de pré-natal documentadas, estar com idade gestacional acima de 35 semanas no momento da coleta e não possuir, no histórico médico, doenças neoplásicas (câncer) e ou hematológicas (anemias hereditárias, por exemplo).