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Anvisa diz que nunca houve pedido de registro para fosfoetanolamina

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2018-06-20 21:00:08

 

MPF pediu liberação de comercialização de composto como suplemento alimentar, mas Anvisa diz que nenhuma empresa protocolou registro para substância.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão que regulamenta o setor de medicamentos no país, diz que nunca houve qualquer pedido para o registro da fosfoetanolamina: seja como medicamento, seja como suplemento alimentar. A resposta da agência é uma reação a um pedido do Ministério Público Federal, protocolado em Uberlândia (MG) no dia 13 de junho. O MPF pediu liberação e comercialização da substância como suplemento alimentar.

A agência salienta que o setor de alimentos da Anvisa já prevê a possibilidade da fosfoetanolamina ser comercializada como suplemento alimentar. Até agora, contudo, não houve qualquer pedido de registro da substância; e, por isso, não pode haver liberação de comercialização.

Ainda, a Anvisa alerta só ser possível fazer a liberação de qualquer produto para registro após a garantia de boas práticas da indústria (o que diminui a chance, por exemplo, de contaminações e de medicamentos falsos).

“A Anvisa não está proibindo empresas de produzir e comercializar produtos à base de fosfoetanolamina. Apenas exige das empresas interessadas que cumpram os trâmites legais para regularização da substância como alimento ou mesmo como medicamento.”

Ainda, segundo a Anvisa, mesmo que a fosfoetanolamina seja aprovada como suplemento, nenhuma empresa poderá fazer propaganda sobre qualquer efeito terapêutico — de acordo com lei brasileira.

“A Anvisa sempre procurou colaborar em todos os debates realizados para alertar sobre a inadequação de se liberar substâncias como a fosfoetanolamina por meio de recursos jurídicos, contrariando as práticas de todos os países desenvolvidos e o próprio esforço do Brasil”, concluiu a agência.

A fosfoetanolamina ficou popularmente conhecida como “pílula do câncer”, mas seus supostos efeitos anticancerígenos não foram comprovados em testes. Em polêmica desde meados de 2016, a pílula começou a ser sintetizada por químico aposentado da USP nos anos 1980, que incitou controvérsias por distribuir informalmente o medicamento.

Desde então, a pílula tem sido objeto de polêmica entre várias instituições — e a Anvisa tem se manifestado no sentido de garantir que medicamentos passem por todos os testes necessários antes da sua aprovação.

Utilização como suplemento

De acordo com o procurador Cléber Eustáquio, que protocolou a ação com o pedido de comercialização da fosfoetanolamina, ficou demonstrado que a substância é atóxica e segura, sem apresentar quaisquer efeitos colaterais. Por isso, diz Eustáquio, ela poderia ser regularizada como suplemento alimentar.

“Infelizmente, existe um entendimento equivocado de que a fosfoetanolamina seria um medicamento, o que, com certeza, não o é. Trata-se de suplemento alimentar”, diz Cléber Eustáquio.

O procurador pediu ainda que a Anvisa não realize qualquer impedimento para a comercialização da fosfo — objeção que a agência diz não ser o seu papel institucional.

“A agência lembra que o processo de registro, seja de um medicamento ou de um suplemento, só se inicia se um interessado (produtor ou importador) requerer o registro e apresentar a documentação que ateste a qualidade e a conformidade do seu produto com o regulamento sanitário vigente”.

“A Anvisa, portanto, não decide a priori por liberação ou proibição de nenhum produto, inclusive da fosfoetanolamina.”

O lançamento da fosfoetanolamina como suplemento já tinha sido sugerido pelo então ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, em março de 2016. Em abril do mesmo ano, uma lei sancionada pela então presidente Dilma Rousseff autorizava a produção e venda da pílula, mas foram suspensas por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em maio de 2016.