2018-07-23 13:30:08
No primeiro semestre deste ano, o governo do Amazonas, por meio da Central de Medicamentos (Cema), pagou R$ 69,7 milhões a fornecedoras de medicamentos, um aumento de 53% do valor total gasto em 2017, conforme o Portal da Transparência. Apesar das cifras, uma das maiores queixas da população que procurou os hospitais públicos e unidades básicas de saúde neste período foi a falta de remédios e materiais básicos para curativos, por exemplo.
Boa parte das denúncias partiram de pacientes que realizam tratamento na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon).
A reportagem do Contraponto 9 esteve na FCecon esta semana e, relatos de familiares de pacientes é que tiveram que comprar materiais para curativos, pois a fundação estava com o estoque zerado. Além disso, alguns medicamentos importantes para o tratamento também estão faltando na farmácia da unidade de saúde. Segundo os denunciantes, essa situação tem virado rotina neste hospital.
“Meu marido precisou fazer um curativo essa semana, mas não tinha material para realizar o procedimento. Para que ele não ficasse sem o curativo, tive que comprar com meu dinheiro o material. Na semana passada, um senhor que faz tratamento junto com meu marido precisou de uma sonda e não tinha. Mais uma vez, a família teve que desembolsar dinheiro para comprar um material que é de responsabilidade do hospital oferecer ao paciente. Isso já se tornou comum na Fcecon, porém, não podemos aceitar”, disse Erika do Rosário.
Erika contou, ainda, que o problema mais grave é em relação ao medicamento. Segundo ela, remédios importantíssimos para o bom resultado do tratamento de câncer estaria escasso na unidade de saúde. Essa situação estaria atrapalhando o avanço de outros procedimentos. A demora na marcação de consulta também foi outra reclamação.
“Foram quatro meses esperando por uma consulta. Logo depois, o médico passou o Isolotex, que é um hormônio que impede o crescimento do tumor. Porém, não tinha na Fcecon. Meu marido só poderia iniciar a radioterapia após terminar o tratamento com esse remédio. Um problema em um procedimento atrasa todas as outras etapas, e para quem tem câncer cada minuto vale ouro. Às vezes pacientes morrem aqui e não conseguem ao menos ser atendidos numa consulta. É um descaso total”, disse, indignada.
Na Policlínica da Codajás, localizada no bairro Cachoeirinha, Zona Sul, a situação é a mesma. Usuários contaram que há meses precisam comprar ou retirar a medicação em outra unidade de saúde, devido ao estoque que está praticamente no vermelho.
“Tenho problemas gastrointestinais. Mensalmente preciso tomar algumas mediações para controlar a doença. Entretanto, toda vez que venho à Policlínica da Codajás nunca consigo pegar os remédios. Às vezes preciso ir na Policlínica da Cidade Nova para conseguir ao menos um dos três medicamentos que eu tomo. Quando não, resolvo comprar para evitar tantos transtornos”, comentou Glória da Silva.
Questionada por esta situação, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam) não se manifestou até a publicação desta matéria.