2018-08-13 12:00:08
Medicamentos vencidos descartados em lixo geram poluição e doenças. Entenda.
De acordo com uma pesquisa divulgada em 2016 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mesmo o Brasil sendo o sétimo país que mais consome medicamentos no mundo, a legislação e a divulgação sobre o descarte de remédios e embalagens ainda são bem precárias.
Para começar, é preciso entender por que remédios precisam de um destino adequado. Ao Jornal Opção, a professora Dra. Nathalie de Lourdes Souza Dewulf, coordenadora do curso de Farmácia da UFG, disse que medicamentos vencidos jogados no meio ambiente trazem sérios riscos à natureza, podendo contaminar a água, animais e as próprias pessoas.
“O risco ambiental emergente está presente nesse tipo de atitude, devido aos ‘micropoluentes’. Assim, ao descartar medicamentos vencidos de forma incorreta, os consumidores contribuem com uma quantidade pequena, mas que quando acumulada causa grandes consequências”, avisa.
Com o mesmo discurso de Nathalie, o farmacêutico e presidente da Farmácia Artesanal, Evandro Tokarski, alerta também para que todos fiquem atentos ao vencimento dos remédios que costumam ficar guardados em caixas ou gazetas dentro de casa. Além disso, o empresário reforça a importância de destinar os medicamentos e, também as embalagens, corretamente.
No lixo comum, o farmacêutico diz que os remédios podem chegar à sua forma original aos aterros que, caso não possuam impermeabilização adequada, podem atravessar o solo e contaminá-lo e o lençol freático também, em concentrações até maiores que via esgoto.
“Os problemas causados pela presença destes compostos de medicamentos no ambiente ainda não são muito bem conhecidos, mas sabe-se que se diluídos em água podem interferir no metabolismo e no comportamento de organismos” revela Evandro, lembrando que cerca de 30% dos casos de intoxicações no Brasil são por medicamentos.
Pensando nisso, o presidente do grupo de farmácias criou o programa Descarte Inteligente que, segundo ele, já recolheu mais de seis toneladas em itens que seriam jogados em lixo comum, apenas em Goiás. “Tudo isso foi levado à uma empresa em Senador Canedo que faz a incineração a uma temperatura que não polui nem o ar”, explicou.
A Anvisa também possui postos de coleta credenciados pelo País. Em Goiânia, os Centros Integrados de Assistência à Saúde (Cais), os Centros Integrados de Assistência Sanitária (Ciams) e o Centro de Referência em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa (Craspi) são alguns dos lugares onde medicamentos vencidos e embalagens podem ser entregues.
Nas próprias farmácias, apesar de nem todas funcionarem como ponto de coleta, os profissionais também saberão indicar os pontos mais próximos que recolhem esses produtos, dando o destino correto a eles.