2018-02-17 11:30:08
O estilo de vida moderno – com pressa, excesso de cobrança e estresse – tem impacto direto no aumento de problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. A afirmação é do psiquiatra Marcos Hortes Chagas, professor do Departamento de Gerontologia (DGero) da Universidade federal de São Carlos (UFSCar). Ele aponta que pelo menos 20% das pessoas vão ter depressão uma vez ao longo da vida.
Esse transtorno psiquiátrico é diferente de momentos de tristeza, naturais ao ser humano. A tristeza é só umas das características da depressão. Outras são perda de interesse, alterações de sono e apetite, pensamento de morte, etc. Quando esse quadro persiste por duas semanas, causando prejuízos à rotina do indivíduo, pode ser depressão. Já a ansiedade, característica biológica, se torna doença quando também causa danos ao dia a dia e começam a aparecer sintomas físicos, como sensação de vazio no estômago, coração batendo rápido, medo intenso, aperto no tórax, transpiração e outras alterações associadas à disfunção do sistema nervoso.
Hoje em dia, segundo o professor da UFSCar, há mais casos de ansiedade do que depressão. Isso porque são vários os tipos de transtornos associados à ansiedade, como pânico e fobias específicas, que atingem até 40% da população, ou transtorno de ansiedade social, muito comum em estudantes. Esse último, diagnosticado a partir da década de 1980 em 13% dos brasileiros, causa problemas de convivência, dificuldade para falar em público e baixa autoestima. Ainda de acordo com Chagas, o aumento da exposição na Internet, a preocupação com o julgamento dos outros e o ambiente que a pessoa vive podem causar esses transtornos.
Mas o docente ressalta que os chamados gatilhos de estresse variam de pessoa para pessoa, ou seja, o que pode ser estressante para um não necessariamente será para o outro. Por isso, a análise deve ser individual. Com o passar dos anos o diagnóstico também evoluiu. “Agora, sabemos mais sobre o que acontece. As pessoas têm mais acesso à informação sobre sintomas. Alguns exames foram alterados para gerar melhores resultados, assim como tipos de tratamento, com ou sem remédios”, afirma ele.
Nesse sentido, profissionais das áreas da Saúde e Assistência Social não só podem como devem colaborar com orientações aos indivíduos durante o tratamento. Porém, Marcos Chagas alerta que cursos de graduação que formam enfermeiros, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e outros que trabalham com esses pacientes, geralmente não oferecem um preparo focado em transtornos mentais.
Com o objetivo de complementar a formação desses profissionais, estão abertas as inscrições para o I Curso de Especialização em Saúde Mental e Cognição da UFSCar. A pós-graduação aborda teoria relacionada à neurociência e valoriza uma análise crítica e reflexiva sobre os transtornos mentais e seus impactos sociais, assim como políticas públicas e humanização no atendimento. Podem participar profissionais das áreas da Saúde e Assistência Social, além de outras pessoas que estejam atuando ou pretendem trabalhar com Saúde Mental.
As inscrições estão disponíveis pelo site www.saudemental2018.faiufscar.com. As aulas começam em 24 de março e terminam em dezembro de 2019.
anexos:
UFSCar tem curso para profissionais da área de Saúde Mental (Imagem: Deposit photos)