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Entender raiz da depressão pode ajudar a criar novos remédios

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2018-03-01 11:00:08

 

Dentre as doenças médicas, a depressão é uma das mais importantes causas de morbidade (adoecer) e mortalidade. Ela ocorre em ambos os gêneros, em todas as idades e níveis sociais.

Apesar da variedade existente de antidepressivos, de 20% a 30% dos pacientes tratados não atinge a recuperação completa e outros até mesmo desenvolvem depressão resistente. O motivo disso é a característica heterogênea da síndrome depressiva, com sintomas e sinais complexos que comprometem todo o organismo –algo que ainda não é completamente compreendido pela medicina.

Outro ponto é que antidepressivos apresentam uma janela de tempo de duas a quatro semanas entre o início do tratamento e o efeito terapêutico. No caso de uma droga ineficaz, isso pode significar mais sofrimento, incapacitação, e tentativas de suicídio.

Em uma fração considerável dos casos de depressão tratados com antidepressivos, porém, há melhora logo nas primeiras semanas, o que tem um bom valor preditivo para o sucesso no tratamento. Em contrapartida, caso não haja resposta parcial em até quatro semanas, são poucas as chances de resposta ou remissão.

É recomendado a alguns pacientes o uso contínuo de antidepressivos –é o caso de quem tem depressão crônica (por mais de dois anos), episódios com tentativas de suicídio ou com sintomas psicóticos e depressões recorrentes, por exemplo.

A depressão tornou-se um problema médico tratável farmacologicamente, tal qual o diabetes e a hipertensão, a partir da descoberta acidental da ação antidepressiva de drogas (iproniazida e imipramina) inicialmente pesquisadas para o tratamento de tuberculose, na década de 1950.

Essas substâncias atuavam modificando o metabolismo de substâncias cerebrais –os neurotransmissores monoaminas–, aumentando a disponibilidade dessas moléculas no cérebro e assim facilitando a comunicação entre os neurônios.

Desde então houve o desenvolvimento de diversas moléculas a fim de tentar driblar os efeitos colaterais sem perder a eficácia apresentada pelas drogas anteriores.

Para uma boa prática clínica recomenda-se usar o antidepressivo em dose terapêutica, incrementando-a conforme eficácia e tolerabilidade até a dose máxima indicada pela posologia, por um tempo de no mínimo 6 a 8 semanas antes de considerar que o paciente seja resistente ao composto. Em caso de retirada da medicação, esta deve ser gradual para evitar o aparecimento de sintomas de descontinuação abrupta.

Desinformação, preconceito e estigma em relação a problemas psiquiátricos são uma realidade no mundo todo. A forma de combater isto é através da educação da sociedade com informações precisas e objetivas baseadas em evidências científicas.

Talvez a pesquisa de novas drogas possa dar um grande salto quando soubermos mais sobre a fisiopatologia da depressão (onde, no organismo, está a raiz da doença).