2017-10-10 13:00:08
Mercado de beleza masculina já fatura R$ 20 bi Barba, cabelo e bigode. Diante de um público mais aberto para intervenções estéticas e cuidados com aparência, empresas investem em ambientes diferenciados e novos produtos para crescer
São Paulo – O mercado de beleza para homens, que tem apresentando uma demanda crescente, fez com que diversas empresas procurassem incrementar a gama de itens e serviços oferecidos. Fruto disso, esse público já tem uma adição relevante na economia nacional, passando de R$ 10 bilhões em 2011, para R$ 19,6 bilhões no último ano.
Os números são da consultoria Euromonitor, que estima que esse mercado tenha um enorme potencial de crescer em um futuro próximo, chegando a R$ 26,7 bilhões em 2021. A cesta de produtos desses consumidores, inclusive, não se restringe mais apenas a lâminas de barbear, desodorantes e perfumes, mas ganham destaques cremes faciais, hidratantes, entre outros.
“O homem está muito mais vaidoso hoje. Ele testa mais produtos, principalmente na área de cosméticos, do que testava antes. Ele está mais criativo no segmento de cabelo. O shopper masculino busca informação, mas é uma busca assertiva e pontual. Ele não faz compra impulsiva, e não é visual. Ele compra por necessidade”, disse a gerente de marketing da Gama Italy, Alessandra Couto.
Essa guinada na procura do público masculino é liderada pelos millennials, também conhecidos como Geração Y, que são pessoas que nasceram em meados dos anos 1980 e 1990. De olho nesse potencial, a Gama Italy investiu R$ 450 mil em uma loja conceito, no Jardins, bairro nobre da cidade de São Paulo. Inaugurada em 2016, a unidade agora também funcionará como um salão de beleza.
“A loja abriu no final do ano passado. Nesses últimos meses, ela está passando por uma reforma grande. Agora, vamos lançar o nosso salão. Ele é um espaço de beleza, centro de treinamento e educação para profissionais. Queremos que essa unidade seja modelo de performance e de execução do serviço, e depois pensaremos em expansão”, conta Alessandra. A empresa estima que o salão gere um faturamento anual de cerca de R$ 2,5 milhões.
Barbearia de luxo
Com esse avanço na procura de homens por beleza e bem-estar, diversas barbearias surgiram nos últimos anos. Além de cuidar do cabelo, da barba e do bigode do público masculino, elas também destinam um espaço para a degustação de inúmeros rótulos de cervejas especiais. Contudo, o especialista em barba e cabelo do Estúdio Becca, Gustavo Collono, alerta que esse modelo de barbearia atende a “tribos” segmentadas.
“Barbearia hoje é que nem paleteria mexicana. Muitos investidores entraram no negócio sem entender como funciona e estão correndo riscos. Eles montam uma estrutura, mas não têm um profissional qualificado, e não sabem fidelizar clientes”, alerta Collono.
Após participar do desenvolvimento da primeira Barberia Corleone, o especialista resolveu seguir por outro caminho, e encontrou no Estúdio Becca, localizado em São Paulo, um projeto em linha com seus ideais. “Essas barbearias old school estão atendendo apenas as tribos do motoqueiro e do roqueiro. Há um certo risco desse negócio perder volume. Eu preciso atender a todas as tribo: desde o homem que é motoqueiro, o roqueiro, o gay, até o executivo. Hoje, o Estúdio Becca é o conceito da realidade do homem que se cuida”, comenta.
Cuidado estético em alta
Engana-se, no entanto, quem pensa que essa procura avança apenas em barbearias. Hoje já existem empresas que investem pesado em estética e higiene pessoal. “Notamos que o mercado não tinha nenhum produto específico para a depilação do homem. A pele do homem é mais grossa e o pelo é mais fino. Por isso, desenvolvemos uma cera com uma fórmula diferenciada”, contou ao DCI a gerente de marketing do Grupo Bioclean (detentor das marcas Depil Bella, Flér e Raavi), Glaucia Rotta. A projeção da executiva é que a linha masculina recém-lançada represente 11% do volume de vendas da Bioclean no curto prazo.
Já a Extratos da Terra, empresa que vende produtos de tratamento facial, capilar e cuidados para pele, pretende evoluir a presença no mercado nacional com a abertura de sua primeira loja conceito em 2018. Com projeção de elevar o faturamento em 19% este ano, a rede vende através de e-commerce, distribuidores, e esteticistas. “Nossos últimos três anos foram interessantes. A crise veio, acertou a todos, mas não nos pegou com tanta severidade. Investimos algo em torno de R$ 1 milhão em laboratório nesse período”, diz o diretor-fundador do Extratos da Terra, Joel Aterino Souza.