2017-12-25 14:00:08
Foram registrados 656 casos na capital paulista, frente a 60 no ano passado.
Pele amarelada (icterícia), fezes claras, dores e náuseas são um alerta para a hepatite A — doença que causa inflamação no fígado e é transmitida por meio de alimentos e bebidas contaminados e da prática de sexo anal sem proteção.
Neste ano, a cidade de São Paulo viveu um surto da doença, com aumento de 993% no número de casos confirmados entre janeiro e novembro. Significa dizer que o número de casos aumentou 11 vezes.
Porém, o infectologista e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), Paulo Abrão, acredita que as ocorrências não devem aumentar em 2018.
— Parece que o número de casos está diminuindo. Mas temos que recomendar sempre a vacinação de todas as crianças e de pessoas que têm maior risco de ter a doença, como os homens que fazem sexo com homens e pessoas que trabalham com esgoto, por exemplo.
Até novembro, foram registrados 656 casos de hepatite A, com duas mortes, na capital paulista. Já em 2016, foram apenas 60 diagnósticos no mesmo período, de acordo com a Secretária Municipal de Saúde de São Paulo. Para Abrão, o aumento da hepatite A na capital paulista está relacionado principalmente à população homossexual.
— A maior parte dos casos são homens que fazem sexo com homens, que não foram vacinados e que estão suscetíveis a ter hepatite. Provavelmente dentro desta comunidade, as pessoas se contaminaram e a doença foi se espalhando.
Segundo a secretaria, 45% dos casos foram transmitidos por relações sexuais sem proteção, 11% se deram pela ingestão de água e/ou alimentos contaminados e nos 44% restantes a fonte de transmissão é desconhecida.
A hepatite A é uma condição contagiosa que causa a inflamação do fígado e é transmitida via fecal-oral, pelo consumo de alimentos e bebidas contaminados e pela prática de sexo anal sem proteção.
Entre duas a quatro semanas após a contaminação com o vírus, o doente pode apresentar pele e olhos amarelados (icterícia), fezes claras, urina escura com cor acastanhada, febre, dor abdominal, náuseas e vômitos. Já crianças, que são um dos grupos de risco, costumam apresentar poucos ou nenhum sintoma, explica o infectologista.
— As crianças são propensas a ter a doença porque, muitas vezes, não têm ideia de higienização das mãos e colocam coisas na boca.
A hepatite A não tem tratamento nem medicamentos específicos. Segundo Abrão, “é como se fosse um resfriado”, pois o organismo se cura sozinho. Mas é necessário que o paciente permaneça em acompanhamento médico, já que, em menos de 1% dos casos, a doença pode evoluir para quadros graves.
— Pode acontecer a hepatite fulminante, que é quando a inflamação do fígado é tão intensa que as células do órgão morrem. E se o paciente não for submetido a um transplante de emergência, pode ir a óbito.
Apesar de não ter tratamento específico, existem formas de prevenção, como a vacina. O imunizante é disponibilizado gratuitamente desde 2014 pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para crianças de até cinco anos. Grupos considerados de risco — pessoas com doenças imunossupressoras, como hepatite B e C, e portadoras de HIV — também têm direito à vacina.