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Remédio contra o diabetes pode frear o avanço do Parkinson

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2017-08-04 13:00:08

 

RIO — A exenatida, droga usada para o tratamento do diabetes tipo 2, pode ajudar na melhoria da qualidade de vida de pessoas com Parkinson. Os resultados de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade College London mostram que o medicamento pode ajudar no controle motor dos pacientes, ou até mesmo frear a progressão do distúrbio.

— Esta é uma descoberta muito promissora, pois a droga tem potencial para afetar o próprio curso da doença, não meramente os sintomas — comentou Tom Foltynie, professor de Neurologia da College London e líder da pesquisa publicada nesta quinta-feira na revista “Lancet”. — Com os tratamentos existentes, nós podemos aliviar a maioria dos sintomas por alguns anos, mas a doença continua piorando.

Os pesquisadores dividiram 60 voluntários em dois grupos. Durante um ano, eles receberam uma injeção semanal de exenatida ou placebos, além dos medicamentos tradicionais. Após esse período, os pacientes que usaram a exenatida apresentaram melhores funções motoras em relação ao grupo de controle, que apresentou piora no controle dos movimentos. Em média, a diferença foi de 4 pontos, numa escala de 132, o que é considerada estatisticamente significativa.

Porém, os participantes não relataram melhoras notáveis nos sintomas além do que as medicações tradicionais proporcionavam. Dessa forma, os pesquisadores acreditam que a exenatida pode ter a capacidade de frear o avanço da doença, mas outros estudos são necessários para avaliar essa tese.

A exenatida ativa os receptores para o hormônio GLP-1 no pâncreas, para estimular a liberação de insulina. Mas esses receptores também estão presentes no cérebro, e estudos anteriores sugerem que a ativação pode melhorar as conexões da dopamina, agir como anti-inflamatório e melhorar a produção energética. Em experimentos com animais, o medicamento melhorou a performance motora.

— Esta é a mais forte evidência que temos até agora que uma droga pode fazer mais do que aliviar os sintomas da doença de Parkinson — disse Foltynie.

E o fato de a droga já ser liberada pelas agências reguladoras pode acelerar o desenvolvimento de um novo tratamento. Agora, o próximo passo será um estudo de longa duração, com mais participantes.

— Usar terapias aprovadas para uma condição para tratar outra oferece um caminho para acelerar o desenvolvimento de terapias contra o Parkinson — disse Brian Fiske, vice-presidente de pesquisas da Fundação Michael J. Fox, que financiou o estudo. — Os resultados dos estudos com a exenatida justificam a continuação dos testes, mas médicos e pacientes não devem adicionar o medicamente aos seus regimes até que tenhamos mais conhecimentos sobre a segurança e o impacto sobre o Parkinson.