2017-08-06 11:05:08
Clínicas de São Paulo se organizam para abrir rede popular em outubro Com 54 associadas, e meta de atingir 100 centros médicos até dezembro, o objetivo é aproveitar a alta demanda das pessoas que saíram dos planos de saúde e que buscam alternativas acessíveis.
São Paulo – Com uma perda de receita média que varia de 20% a 30% decorrente da saída de quase três milhões de beneficiários da saúde suplementar, empresas paulistanas apostam na criação de uma rede de clínicas populares, a Integra, para atender a população desassistida e aumentar a movimentação nos consultórios.
Diferente das redes populares atualmente no mercado, a Integra é formada por clínicas autônomas que já atuam na área e desejam complementar a sua receita. O objetivo é que a capacidade ociosa das clínicas seja utilizada para atender pacientes da rede a preços acessíveis, sendo R$ 90 para consultas com especialistas e R$ 120 para subespecialidades médicas. “As clínicas estão bem [financeiramente] porque elas adaptam, reduzem sua estrutura e o número de médicos, mas houve uma queda da rentabilidade. A ideia é recuperar o patamar antes da crise”, afirma o diretor executivo da rede Integra, Alexandre Merofa.
Atualmente são 54 clínicas disponíveis na rede e a meta é atingir 100 unidades até o final do ano. Além dos centros médicos, a rede também realizará parceria com redes de laboratório de análises clínicas, empresas de diagnósticos por imagem e hospitais. “Não posso oferecer a consulta sem tornar mais barato o exame ou o procedimento cirúrgico. Para ser viável para o paciente temos que levar em consideração os procedimentos. Pode ser caro, mas ao menos será muito mais barato que o que ele [paciente] conseguiria se fosse sozinho negociar”, explica Merofa.
Ele ainda acrescenta que a rede diminui a dependência das clínicas pelos planos de saúde e o SUS, ambos com problemas atualmente. Se por um lado os planos privados perderam um grande número de vidas, segundo ele, a remuneração do SUS está em patamares muito baixos, chegando a R$ 10 por consulta.
“Além disso, todo o valor da consulta é revertido para a empresa. A Integra é sem fins lucrativos e os custos da mesma são rateados entre as clínicas de acordo com o porte”, complementa. No total, as clínicas têm capacidade para mais de 1,6 milhão de consultas por ano e a projeção é que a rede utilize cerca de 300 mil dessa capacidade, que hoje está ociosa por conta da queda no número de beneficiários.
No momento a rede está em fase final de estruturação e deve ser lançada na segunda quinzena de outubro. O projeto foi realizado com apoio do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp) e a Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp). De acordo com o presidente das duas entidades, Yussif Ali Mere Jr., é importante ressaltar que a rede traz um ganho de qualidade para o mercado de clínicas populares. “Na rede temos clínicas com 10, 15, 20 até 40 anos de experiência, além de estar composta por médicos especialistas”, diz.
“Se der certo podemos levar a todo o estado e se alguma entidade de outro estado estiver interessada podemos contribuir com os interessados para que repliquem o modelo”, conta Yussif Ali Mere Jr. De acordo com Merofa da Rede Integra, as chances de que o modelo seja replicado em grandes cidades do estado de São Paulo e outras capitais brasileiras é grande.
Redução de custo
Além da demanda extra, a ideia é que a rede consiga os benefícios da economia de escala na compra de insumos e nas ações de publicidade da rede. “Vamos ter uma central de compras para quem quiser, além disso, tem coisas como central de atendimento telefônica que será disponibilizado para toda a rede. Mais para frente também podemos unificar alguns contratos terceirizados, como os de limpeza”, destaca Merofa. Outro aporte mencionado por ele é um software que vai integrar o sistema de todas as clínicas para que o agendamento também possa ser feito on-line.
Mesmo que a rede não vá interferir na negociação das empresas com os planos de saúde e o SUS, ele conta que se a prefeitura ou uma operadora de saúde estiver interessada em uma parceria ou o credenciamento de uma rede popular de grande porte em São Paulo, as portas estão abertas para uma negociação.