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CRM restringe uso de canabidiol a dois tipos de epilepsia

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O Conselho Federal de Medicina publicou uma resolução que restringe a prescrição do canabidiol apenas a pacientes de dois tipos de epilepsia.

O Cauê tem 17 anos e usa diariamente um remédio à base de derivados da cannabis para tratar do autismo.

“A nossa vida era inviável sair com ele, ir para a escola. Nossa vida mudou completamente. E graças a isso eu estou conseguindo falar com vocês tranquilamente. Ele está aqui presente, mas está tranquilo”, conta o neurocientista Renato Malcher.

O canabidiol é uma das substâncias extraídas da planta da maconha. Um estudo feito em 2017, pela Academia Americana de Ciência, Medicina e Engenharia constatou que o extrato de cannabis é eficaz para combater vários tipos de doença.

Essas gotas, hoje no Brasil, tratam doenças, transtornos, distúrbios e sintomas de milhares de pacientes. O remédio é usado em casos de esclerose múltipla, parkinson, depressão, ansiedade, autismo e até câncer, segundo os especialistas.

O Felipe Cavalcanti ficou tetraplégico depois de um acidente doméstico. Desde então, há 1 ano e meio, ele usa todos os dias o remédio à base de canabidiol para controlar a ansiedade, melhorar o sono e aliviar as dores.

“Me senti muito mais disposto, minha qualidade de vida melhorou”, conta Felipe.

Felipe está preocupado com a nova norma do Conselho Federal de Medicina, que proíbe que os médicos receitem remédios à base de canabidiol para a maioria dos tipos de tratamentos.

A norma entrou em vigor nessa semana e só permite indicação para dois tipos de epilepsia: os casos relacionados à Síndrome de Dravet e Lennox-Gastaut e ao Complexo de Esclerose Tuberosa. Segundo o CFM, a prescrição para outras doenças só poderá ser feita se o tratamento fizer parte de um estudo científico.

“Acordei hoje com minha médica me ligando e dizendo que está preocupada se ela pode continuar prescrevendo ou não a substância”, diz Felipe.

Segundo o Conselho Federal de Medicina, os médicos que não cumprirem as novas normas ficam sujeitos a punição, que pode variar desde advertência até a cassação do registro profissional.

O CFM afirma na resolução que, desde a publicação da norma anterior, em 2014, houve um aumento significativo da prescrição do canabidiol no lugar de tratamentos convencionais e cientificamente comprovados. O Conselho diz que, apesar do sucesso do canabidiol em casos de síndromes convulsivas, houve “resultados negativos em diversas outras situações clínicas”.

A Sociedade Brasileira de Psiquiatria divulgou nota apoiando a decisão e afirmou que “não há nenhum registro em nenhuma agência reguladora internacional de nenhum canabinóide para tratamento de nenhuma doença psiquiátrica”.

A médica Ailane Araújo, fundadora do Centro Brasileiro de Referência em Medicina Canabinóide e Integrativa, falou sobre os benefícios da substância.

“São várias famílias que estão em busca de qualidade de vida e elas conseguiram através do tratamento com cannabis medicinal. Esses produtos são validados fora do Brasil para tratamento de diversas patologias devido aos estudos, às pesquisas científicas que foram feitas. E isso a gente não pode deixar para trás”, conclui Aailane.

Anvisa, por nota, informou que vai manter a autorização para os produtos derivados da cannabis independentemente da resolução do CFM. A agência recebeu, no ano passado, 41 mil pedidos de importação de produtos à base de cannabis. Além de autorizar os remédios que são vendidos no Brasil.

Clique aqui para ver a resolução da matéria acima.

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Foto: Freepik

Fonte: G1