O Conselho Federal de Farmácia (CFF) realizou um levantamento junto aos farmacêuticos sobre a falta de medicamentos pelo Brasil. A pesquisa foi feita por meio de formulário disponibilizado no site da entidade contendo 21 perguntas para preenchimento voluntário por farmacêuticos de todo o país. As respostas foram recebidas entre 20 de julho e 6 de setembro. Os medicamentos em falta mais citados foram das classes dos antimicrobianos, mucolíticos, anti-histamínicos e analgésicos.
A falta de antimicrobianos foi relatada por 95,1% dos farmacêuticos (638 relatos); dos mucolíticos, por 81,2% (545 relatos); dos anti-histamínicos, por 76% (510 relatos); dos analgésicos, por 70% dos participantes (470 relatos); e a ausência de outras classes de medicamentos em seus estabelecimentos foi descrita por 65,1% (437 relatos).
“As informações coletadas corroboram os relatos de desabastecimento de medicamentos nas farmácias do Brasil, tanto no setor público como no privado. A escassez de medicamentos usados no tratamento de infecções respiratórias, como amoxicilina, acetilcisteína, ambroxol e dipirona, coincidiu com o período do inverno, causando transtorno aos pacientes e aos profissionais da saúde”, observa o secretário-geral do Conselho Federal de Farmácia, farmacêutico Gustavo Pires, que coordenou a pesquisa.
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Medicamentos em falta por classe:
Antimicrobianos: Amicacina, Ceftriaxona, Levofloxacino, Amoxicilina, Cefuroxima, Meropeném, Amoxicilina + clavulanato Ciprofloxacino, Metronidazol, Axetilcefuroxima, Claritromicina, Nitrofurantoína, Azitromicina, Doxiciclina, Piperacilina + tazobactam, Cefaclor, Imipeném, Sulfametoxazol + trimetoprima e Cefalexina.
Mucolíticos: Acebrofilina, Cloridrato de ambroxol, Guaifenesina, Acetilcisteína, Cloridrato de bromexina, Hedera Helix, Carbocisteína, Dropropizina, Levodropropizina e Cloperastina. Nesta categoria, farmacêuticos citaram mucolíticos ou antitussígenos.
Anti-histamínicos: Bilastina, Dexclorfeniramina + betametasona, Loratadina, Cetirizina, Difenidramina, Prednisolona, Desloratadina, Fexofenadina, Prednisona, Dexametasona, Hidroxizina, Prometazina, Dexclorfeniramina, Levocetirizina.
Analgésicos: Ácido acetilsalicílico, Ibuprofeno, Paracetamol, Dipirona, Morfina e Trometamol cetorolaco.
Alternativas – Apesar do esforço de farmacêuticos e instituições para minimizar o problema, a maior parte dos profissionais relatou não encontrar alternativas e, em alguns casos, não ter sido possível evitar algum dano ao paciente. “Dos 671 profissionais que relataram desabastecimento, 470 (70%) disseram não conseguir alternativas para as faltas apontadas”, cita Luiz Gustavo Pires. Para 201 profissionais que afirmaram conseguir alternativas, algumas citadas foram substituição, compra direta, manipulação, contato com o prescritor para apresentação das opções disponíveis e orientação ao paciente para retorno ao médico.
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Quanto a alternativas possíveis para contornar a situação, a maioria (442, correspondentes a 65,9%) relatou não haver alguma medida, plano ou protocolo de mudança de procedimento ou de uso racional de medicamentos adotados pela instituição, enquanto que 229 (34,1%) afirmaram haver alguma medida, como substituição do medicamento, uso racional, solicitar que o paciente retorne ao médico, reunião com prescritores para informar a falta e as opções de troca, reforço no pedido de medicamentos, limite da quantidade por paciente e suspensão de cirurgias eletivas.
Outros medicamentos – Além dessas, outras classes de medicamentos em falta foram citadas. Foi relatado desabastecimento de adjuvantes para anestesia, antidepressivos, eletrólitos, anestésicos locais, antidiabéticos Inibidores de bomba de prótons, ansiolíticos, antieméticos, meio de contraste, anti-hipertensivos, antigripais, pastilhas para garganta, anticoncepcionais, broncodilatadores, soluções de grande volume, anticonvulsivantes, corticoides e soro fisiológico.
Os principais motivos apontados para o desabastecimento foram: escassez de mercado, com 86,6% das respostas; alta demanda não esperada, com 43,1% das respostas; falha do fornecedor, com 38,6% das respostas; preço alto impraticável, com 27,6% das respostas; fatores como a guerra, a Covid-19 e a falta de matéria-prima não atingiram 1% das respostas.
Sobre a amostra – Foram obtidas 683 respostas oriundas dos 26 estados e do Distrito Federal, das quais 671 profissionais relataram enfrentar o problema de desabastecimento de medicamentos onde atuam. Foram 193 respostas da Região Nordeste, 155 respostas da Região Sul, 140 respostas da Região Sudeste, 99 respostas da Região Centro-Oeste e 96 respostas da Região Norte.
A maioria dos respondentes (69,5%) informaram atuar em farmácias privadas, sendo 67,9% atuantes especificamente em farmácias e drogarias privadas, 16,3% em farmácia de unidade de saúde, 11,4% em farmácia hospitalar, 0,3% em farmácia com manipulação, 0,6% em Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF), e 0,3% em distribuidoras.
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Fonte: CFF