O faturamento das farmácias brasileiras em 2022 atesta a ascensão de um setor que cresce acima de dois dígitos há três anos consecutivos.
Ao mesmo tempo, separa cada vez mais as grandes redes dos PDVs das independentes, que tiveram recorde de fechamento de lojas.
Dados da IQVIA indicam que o setor movimentou R$ 184,2 bilhões no ano passado, o que equivaleu a um avanço de 16,2%. Quase 44% da receita teve como origem o grande varejo farmacêutico. Considerando as 26 redes associadas à Abrafarma, esse valor é recorde e veio acompanhado de 1 bilhão de atendimentos ao longo do ano.
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“Isso equivale a dizer que cada brasileiro visitou pelo menos cinco vezes a farmácia ao longo do ano. A frequência média histórica era de quatro”, ressalta Sergio Mena Barreto, CEO da entidade.
As farmácias independentes respondem por 22,5% desse montante, mas gradualmente vêm perdendo participação, que era de 24% em 2020. O associativismo e as franquias seguiram ocupando essa lacuna e ampliaram seu share de 20,4% para 21,8% em três anos. As redes médias e pequenas também perdem espaço.
Os investimentos em tecnologia contribuíram para esse contexto, na visão de Rodnei Domingues, presidente do Instituto Axxus, startup do Parque Científico da Unicamp. “A pandemia acelerou a transformação digital e as redes souberam responder melhor a essa nova demanda. Já os PDVs independentes mantiveram sua carência digital. Inclusive, uma pesquisa que encomendamos revelou que 99% dessas farmácias não contam com um programa de fidelidade e 83% sequer anunciam em redes sociais”, enfatiza.
Faturamento das farmácias reflete na dinâmica das lojas
O faturamento das farmácias reflete na dinâmica de abertura e encerramento de lojas. Embora ainda representem 59,4% das 90.907 unidades em funcionamento no país, as independentes somaram 4.005 fechamentos no ano – 81% do total de PDVs desativados.
Levando em conta a diferença entre aberturas e fechamentos, o associativismo e as franquias apresentam o maior superávit, com 3.123 novas unidades contra 170 pontos extintos. “Como 80% do consumo nacional se concentra em 200 municípios, a tendência é que as maiores redes foquem esforços nessas cidades. Em função desse cenário, o associativismo acaba despontando como contraponto ao grande varejo e forma uma categoria promissora”, acredita Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail.