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Adoçante aspartame causa câncer? Farmacêuticos analisam avaliação de perigo

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O aspartame é um adoçante artificial (químico) amplamente utilizado em vários alimentos e bebidas desde a década de 1980.

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, na última quinta-feira (13/7), os resultados da avaliação de perigo e risco do uso de aspartame. Avaliações realizadas pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) e pelo Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares da Organização para Agricultura e Alimentação (JECFA) classificaram o adoçante como possivelmente carcinogênico (ou seja, capaz de causar câncer) para humanos, mas consideraram aceitável o limite atual de ingestão diária (40 mg/kg de peso corporal).

 

Leia também: Anvisa mantém recomendação atual de consumo de aspartame no Brasil

 

Os dois órgãos conduziram revisões independentes, mas complementares, para avaliar o potencial risco carcinogênico e outros riscos à saúde associados ao consumo da substância. Depois de revisar a literatura científica disponível, ambas as avaliações observaram limitações nas evidências disponíveis em relação ao câncer e também a outros efeitos na saúde.

 

O JECFA concluiu que os dados avaliados não indicavam razão suficiente para alterar a ingestão diária aceitável previamente estabelecida de 0–40 mg/kg de peso corporal para o aspartame. O Comitê, portanto, reafirmou que é seguro para uma pessoa consumir a substância dentro desse limite por dia. Por exemplo: uma lata de refrigerante diet contém entre 200 ou 300 mg de aspartame. Um adulto pesando 70 kg precisaria consumir mais de 9 a 14 latas por dia para exceder a ingestão diária aceitável (considerando não haver ingestão da substância em outros alimentos).

 

O aspartame é um adoçante artificial (químico) amplamente utilizado em vários alimentos e bebidas desde a década de 1980, incluindo bebidas dietéticas, goma de mascar, cremes vegetais, alimentos para controle de peso etc.

 

O que dizem os farmacêuticos especialistas

A farmacêutica clínica, educadora em diabetes e acadêmica de Nutrição, Mônica Lenzi, destaca que não há evidências científicas que sugiram que o aspartame cause câncer e que o adoçante foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

 

“A OMS classificou o adoçante aspartame como um “possível” causador de câncer, mas afirmou que o consumo da substância é seguro, desde que respeitado um limite diário. As pessoas que consomem alimentos e bebidas dietéticas que contêm aspartame provavelmente estão consumindo muito menos do que o limite diário de segurança que é de 40 miligramas por quilograma de peso corporal. Isso significa que uma pessoa de 60 quilos pode consumir até 2,4 gramas de aspartame por dia sem risco de câncer” ressalta a farmacêutica.

 

Sobre a possível periculosidade do adoçante para as crianças, o professor e pesquisador Leandro Medeiros, da Universidade Católica de Pernambuco e membro do Grupo de Trabalho em Suplementos Alimentares do Conselho Federal de Farmácia (CFF), analisa que não há evidências de que seja menos seguro ou perigoso para as crianças. O Comitê determinou que as estimativas de exposição dietética ao aspartame em crianças, variando de 10 a 20 mg/kg por dia, eram apropriadas e seguras.

 

Embora a classificação da OMS tenha trazido um alerta, Leandro afirma que não há possibilidade de os alimentos serem retirados dos mercados brasileiros. Ele ressalta que, “devido ao consenso entre diversos comitês internacionais sobre a segurança do aspartame quando consumido dentro da ingestão diária aceitável, e até o momento sem alteração no perfil de segurança, o aspartame continuará sendo um aditivo alimentar autorizado no Brasil, conforme a própria Anvisa. A agência seguirá acompanhando de perto os avanços científicos relacionados ao tema”.

 


Aspartame é um adoçante artificial

 

O papel do farmacêutico

O farmacêutico deve tranquilizar a população quanto ao consumo de aspartame, seja em alimentos e bebidas ou em medicamentos, como xaropes, suspensões, envelopes e pastilhas orais, devido a pequena quantidade e nível de exposição, que estão dentro de um limite considerado seguro. 

 

Leandro Medeiros ressalta que “os farmacêuticos podem incentivar no contexto do indivíduo, família e comunidade a priorização da adoção de práticas de estilo de vida saudável, visando o consumo de alimentos in natura e/ou minimamente processados, limitando ou evitando o consumo de alimentos ultraprocessados, e se possível, sob prescrição e orientação de profissional habilitado”. O farmacêutico frisa que é importante orientar também que pessoas portadoras de fenilcetonúria têm contraindicação para consumir aspartame, pois após a ingestão, ele é metabolizado em fenilalanina, que é tóxico a esse grupo populacional por sua incapacidade de conversão a tirosina, se acumulando no sangue e provocando agravos à saúde.

 

Mônica Lenzi ressalta também a importância do farmacêutico dentro da equipe multiprofissional. “Os farmacêuticos podem trabalhar com outros profissionais de saúde, como médicos e nutricionistas, para fornecer orientação abrangente sobre o uso de adoçantes”, conclui a farmacêutica.

 

 

Foto: Joédson Alves / Agência Brasil
Fonte: CFF