O índice de perdas no varejo brasileiro tem as farmácias como um dos segmentos menos afetados.
É o que indica um estudo que analisou a operação de 131 empresas, que administram cerca de 100 mil PDVs em 16 estados e no Distrito Federal.
A pesquisa da Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe), com apoio da consultoria KPMG, compara o desempenho dos varejistas durante e antes da pandemia. E o mercado farmacêutico se destacou mesmo diante dos crescentes desafios pautados pela falta de medicamentos e pela dependência de insumos do Exterior.
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Na comparação com 2019, período anterior à pandemia, as perdas no varejo farmacêutico caíram de 1,28% para 0,89% sobre o faturamento total, o que envolve furtos, roubos, desvios, avarias e má administração do estoque. O índice está abaixo da média geral de 1,21% e é bem inferior ao de segmentos como o supermercadista (2,15%) e perfumarias (1,74%).
Na análise qualitativa dos indicadores, as farmácias figuraram entre os seis setores com acurácia acima de 90% na administração do inventário (90,84%).
Perdas no varejo caíram em função da pandemia
As perdas no varejo caíram nas farmácias justamente em função da pandemia. Para os especialistas responsáveis pelo estudo, esse período serviu como um gatilho para o varejo farmacêutico acelerar a modernização dos processos e atender à mudança no perfil de consumo da população brasileira.
“A demanda por produtos relacionados à Covid-19, o advento de categorias como as de suplementos vitamínicos e a digitalização das vendas exigiram mais dinamismo das farmácias e um maior apuro no controle do mix”, avalia Carlos Eduardo Santos, presidente da Abrappe.
Perdas no varejo: como elas estão distribuídas?
Embora o nível de ruptura nas farmácias tenha subido de 4,05% para 6,76%, a ausência de produto por má gestão comercial segue em patamar inferior ao das lojas de eletromóveis (10,08%) e supermercados (9,08%).
As chamadas quebras operacionais representaram 68,5% das perdas no varejo farmacêutico, contra 77% da média geral. “É um indicador muito positivo se levarmos em conta a maior diversidade de serviços no canal farma, movimento que ganhou ainda mais intensidade com o advento dos testes rápidos e de programas de assistência farmacêutica”, analisa.
Ao mesmo tempo, a necessidade de investir em ferramentas de comércio eletrônico estimulou o varejo farmacêutico a apostar em novas tecnologias como o RFID, para controle de vencimento dos produtos. Outras inovações que se tornaram realidade são as ferramentas de data analytics e o uso de câmeras com inteligência artificial para capturar inconsistências nos layouts dos PDVs.
“Mesmo em um panorama com tantos desafios operacionais, o varejo cresceu em faturamento. Entretanto, sem um trabalho com análise dos resultados e agilidade nas ações de prevenção não teríamos conseguido resultados positivos”, acredita Santos.