Empresa carioca quer elevar faturamento de R$ 320 milhões para R$ 600 milhões.
A MedLevensohn, uma das principais empresas de saúde e bem-estar brasileiras, quer aumentar significativamente a presença no varejo, apoiada na nova resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que libera a realização de testes rápidos em farmácias. A guinada faz parte do plano para elevar o faturamento de R$ 320 milhões para cerca de R$ 600 milhões este ano, como espera a companhia.
Antes da chamada resolução RDC 786 entrar em vigor, em 1º de agosto, as farmácias só podiam realizar testes rápidos de Covid-19 e glicemia. Agora, mais de 40 exames entraram para o rol, entre eles os de HIV, hepatite C e dengue.
Leia também: Projeto democratiza acesso a adrenalina em farmácias
Segundo o diretor Comercial Fernando Marinheiro, a MedLevensohn enxerga na liberação uma possibilidade de crescimento e diversificação — hoje, os principais clientes da companhia são ainda hospitais e o poder público. “Nosso portfólio tem 52 tipos de testes, sendo que 22 testes podem agora ser feitos em farmácias. É uma oportunidade que será gradualmente aproveitada. Hoje, apenas a minoria das farmácias tem estrutura para oferecer esse serviço de diagnóstico, mas acreditamos que até 70% estarão prontas no futuro”, diz Marinheiro, que chegou à MedLevensohn este ano, após passar por empresas como Cellera Farma e Hypera (dona de marcas como Benegripe, Engov e Coristina D).
Uma das apostas é o exame de PSA, capaz de identificar, por meio do sangue, alterações na próstata e acelerar eventual diagnóstico de câncer.
Fabricação local
Parte da estratégia está apoiada em um contrato recém-firmado com a Santa Cruz, distribuidora de medicamentos da família Mayer que é uma das maiores do país. Além disso, a MedLevensohn está fechando contrato de fornecimento com redes de farmácias como Pague Menos e Venâncio para ampliar a oferta de testes rápidos.
Ainda incipiente, o canal de testes não seria suficiente para justificar um salto de quase 90% no faturamento, admite o executivo. Parte importante virá de canais já maduros, como o setor público. “Recentemente, por exemplo, nos tornamos fornecedores de testes H1N1 para a prefeitura de São Paulo. É um contrato importante”, destaca.
Fernando Marinheiro / MedLevensohn
Além da guinada no varejo, a MedLevensohn quer começar a produzir no Brasil — hoje, todos os seus produtos são importados. A companhia vai investir R$ 60 milhões na abertura de um novo centro logístico em Serra (ES), onde haverá também uma planta de finalização de peças fabricadas no exterior. O plano é inaugurar a estrutura até o fim do ano que vem.
Fundada há 21 anos, a MedLevensohn é até hoje uma empresa familiar, controlada por José Marcos e Verônica Szuster. Mas o plano é levantar capital “no curto ou médio prazo”, diz Fernando Marinheiro. “Eu cheguei à empresa dentro de um processo de profissionalização. Nosso plano é fazer um IPO (estreia na Bolsa) ou atrair um aporte ou sócio, para alavancar ainda mais a operação”, finaliza o executivo.