O mercado farmacêutico segue sofrendo o impacto de anos desafiadores. A tradicional distribuidora de medicamentos American Farma entrou com pedido de recuperação judicial. O Panorama Farmacêutico teve acesso exclusivo aos documentos do processo.
No pedido, o grupo aponta a relevância que detêm no mercado logístico farmacêutico na Região Norte do país e também sua trajetória de mais de duas décadas.
Além da atuação no atacado farmacêutico, o grupo também tem braços no mercado magistral, detendo 30% de share no setor de manipulação de Belém (PA).
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Covid-19 iniciou crise em distribuidora de medicamentos
De acordo com o pedido de recuperação judicial da American Farma, dentre outros motivos, a principal causadora da atual crise foi a Covid-19.
Segundo a companhia, a impossibilidade de seguir com a visitação médica afetou gravemente seu negócio de farmácias de manipulação.
Inicialmente, esse prejuízo ficou na casa dos 25% e, em 2022, seguiu avançando, chegando ao patamar de 30%.
Em paralelo, as varejistas independentes do Norte do país, com menos acesso a crédito bancário, pediram à distribuidora o alargamento de prazos de pagamento, o que gerou um ciclo financeiro invertido.
Atualmente o passivo geral se encontra na ordem dos R$ 101 milhões. Como possuem um mesmo quadro societário, atuação conjunta e existem garantias cruzadas, o grupo solicita que o processamento seja feito em consolidação substancial.
American Farma gera cerca de 300 empregos
Em seu pedido de recuperação judicial, a distribuidora destaca gerar aproximadamente 300 empregos, sendo eles diretos e indiretos.
Ao todo, a atacadista atende 720 cidades, espalhadas pelos estados do Amapá, Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins, fornecendo 5 mil produtos, por intermédio de parceria com 80 fornecedores.
Não tá fácil para ninguém
O mercado farmacêutico, apesar das muitas oportunidades, realmente vive um momento desafiador. A cada 100 novas farmácias no Brasil, 43 fecham as portas antes de completar dois anos.
O dado revela que, apesar do ritmo crescente de abertura de lojas, o varejo farmacêutico ainda demonstra dificuldades para dar sustentação ao negócio. E as pequenas redes e os PDVs independentes são os que mais sofrem.
Atualmente, o varejo farmacêutico conta com 74.524 lojas maduras, que permanecem em atuação após dois anos.
“Com grandes redes se consolidando frente a PDVs de pequeno e médio porte, o espaço para inovação fica mais restrito”, analisa Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Ibevar.