Farmacêutica analisa como as novas abordagens terapêuticas estão mudando o tratamento do câncer e os esforços para tornar as curas mais acessíveis
O tratamento do câncer tem evoluído nos últimos anos com o desenvolvimento de novas terapias que visam aumentar a eficácia e reduzir os efeitos colaterais. No entanto, ainda há desafios a serem superados para garantir o acesso e a qualidade dos medicamentos oncológicos.
O câncer é uma das principais causas de morte no mundo, sendo responsável por cerca de 10 milhões de óbitos por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que mais de 704 mil novos casos da doença sejam diagnosticados para cada ano do triênio 2023-2025, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
As regiões Sul e Sudeste concentram cerca de 70% da incidência, sendo os tipos de câncer mais frequentes o de mama feminina e o de próstata, com 73 mil e 71 mil casos novos, respectivamente.
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Para enfrentar esse problema de saúde pública, a ciência tem avançado na descoberta de novas formas de prevenir, diagnosticar e tratar o câncer, buscando aumentar as chances de cura e a qualidade de vida dos pacientes. Entre as inovações mais recentes, destacam-se:
- Imunoterapia: uma modalidade de tratamento que estimula o sistema imunológico do paciente a reconhecer e combater as células cancerígenas, utilizando anticorpos, vacinas ou células modificadas em laboratório.
- Terapia-alvo: outra estratégia que visa atingir especificamente as células tumorais, poupando as células normais. Para isso, são utilizados medicamentos que bloqueiam ou inibem moléculas ou vias envolvidas no crescimento e na disseminação do câncer.
- Terapia gênica: uma técnica que consiste em introduzir genes em células do paciente, com o objetivo de corrigir defeitos genéticos, estimular o sistema imunológico ou induzir a morte celular programada. Um exemplo de terapia gênica é a chamada CAR-T, que utiliza células T do próprio paciente, modificadas em laboratório para reconhecer e atacar as células cancerígenas.
- Inteligência artificial: uma ferramenta que utiliza algoritmos e sistemas computacionais para processar grandes volumes de dados e identificar padrões complexos. Na oncologia, essa tecnologia pode auxiliar na prevenção, no diagnóstico, na escolha do tratamento e no acompanhamento dos pacientes, por meio da análise de informações clínicas, genéticas, moleculares e de imagem.
De acordo com Bárbara Gobira, membro do GT de Farmácia Clínica do CRF/MG e professora do curso de Farmácia do Centro Universitário Newton Paiva, “a farmacologia oncológica é uma área que busca desenvolver tratamentos mais eficazes e personalizados para o câncer, aproveitando os avanços da tecnologia e da ciência. No entanto, ainda há muitos obstáculos e desafios que precisam ser superados para garantir a segurança, a qualidade e a acessibilidade dos medicamentos oncológicos. É preciso investir em pesquisa, em educação, em políticas públicas e em parcerias entre os setores público e privado, para que os benefícios das inovações cheguem a todos os pacientes que necessitam”.