2018-07-10 11:00:08
Não vivemos sem oxigênio, água ou alimentos. Quando um destes falta ou escasseia, a sobrevivência fica seriamente ameaçada.
No dia 23 de junho deste ano 12 meninos e seu treinador de futebol ficaram presos em uma caverna na Tailândia. Desde então o mundo vem acompanhando atentamente as consequências e o desfecho desta situação alarmante. Os processos de resgate começaram neste domingo, dia 08 de julho.
Quanto tempo o organismo humano consegue ficar privado de oxigênio, de água e de nutrientes essenciais?
Não vivemos sem oxigênio, água ou alimentos. Quando um destes falta ou escasseia a sobrevivência fica seriamente ameaçada.
O menor “estoque” é o de oxigênio: o corpo humano não consegue ficar mais 4 minutos sem oxigênio; mais de 3 dias sem água ou mais de 50 dias sem alimentos.
Estes 3 “nutrientes” são absolutamente essenciais. Vamos entender como o organismo humano vai se adaptando à sua falta.
A falta aguda de oxigênio pode matar uma pessoa em 4 minutos, por asfixia. O funcionamento de todas as nossas células depende vitalmente do oxigênio do ar. Importante saber que o ar é composto por uma mistura de gases. O oxigênio representa 21% desta mistura. Portanto, necessitamos de um ar com 21% de oxigênio. Em ambientes fechados e mal ventilados, a concentração de oxigênio é menor. Na caverna onde os meninos foram encontrados, a concentração de oxigênio chegou a 15%. Respirar um ar com esta concentração de oxigênio produz sintomas como confusão mental, irritabilidade, fraqueza, náuseas ou vômitos. Com menos de 10-12% a vida fica seriamente ameaçada.
A água é outro nutriente essencial. O corpo humano adulto tem em sua composição 50-60% de água, que é vital para a circulação e funcionamento de todos os órgãos. Em crianças, a porcentagem de água corpórea é maior – em torno de 86%- e nos adolescentes de 14 anos esta porcentagem é de 75%, aproximadamente. Por isso não conseguimos ficar mais de 3 a 5 dias sem água. Até as equipes de socorro chegarem, os meninos se mantiveram vivos pois conseguiram beber a água que escorria pelas paredes da caverna.
Os outros nutrientes nos garantem a energia essencial para o funcionamento das células. Esta energia é fundamentalmente convertida em glicose, que é o nutriente do cérebro. Quando falta glicose, o cérebro consegue funcionar com outra forma de energia, que são os corpos cetônicos.
Onde o corpo “estoca” essa energia?
Em 3 lugares, basicamente: no fígado, onde fica estocada a glicose, na forma de glicogênio, que representa apenas 1% dos estoques; nos músculos, sob a forma de proteínas, que representa 14% dos estoques e no tecido adiposo, ou gordura, que representa 85% dos estoques.
Em uma situação de privação de alimentos, os primeiros estoques que acabam são os do fígado, que manda toda a glicose para a circulação. Em seguida, o corpo começa a retirar a energia das gorduras para produzir os corpos cetônicos que, depois de 2 semanas, passam a abastecer o cérebro. Paralelamente, as proteínas são retiradas dos músculos e transformadas em glicose.
Com isso, o corpo vai se autoconsumindo para garantir a energia que o cérebro precisa para manter as funções vitais. Ocorre perda de peso, perda de massa muscular, fraqueza, anemia, inchaço, maior chance de infecções, alteração do humor, mau hálito e maior possibilidade de transtornos psicoemocionais.
As equipes de resgate chegaram na caverna levando nutrientes importantes para interromper este processo de autofagia que o organismo processa para garantir a sobrevivência. Agora resta-nos esperar e torcer para que os meninos saiam em segurança e recuperem sua saúde física e psicoemocional da forma mais tranquila possível.