2018-07-18 13:00:08
Três em cada dez brasileiros que fizeram compras no cartão não sabiam quanto gastaram, diz pesquisa.
O cartão de crédito é uma das modalidades de pagamento eletrônico mais populares entre os brasileiros. Só em 2017, as empresas do setor movimentaram R$ 843 bilhões da economia, alta de mais de 12% em comparação com o ano anterior.
No entanto, o excesso de possibilidades que a ferramenta oferece pode se tornar uma armadilha financeira para consumidores que não têm o hábito de controlar gastos.
Segundo pesquisa do SPC Brasil com a CNDL (confederação dos lojistas), em maio deste ano, três em cada dez brasileiros que fizeram compras no cartão não sabiam quanto gastaram. Sem controle, o endividamento é certo.
Foi o que aconteceu com a atriz Pamella Martelli, 29, que não tinha salário fixo na época em que perdeu o controle. “Foram meses contabilizando gasto por gasto para conseguir limpar meu nome”, diz.
O produtor de eventos Ricardo Santos, 40, também caiu nas armadilhas do crédito de acesso fácil. Ele começou usando o cartão para fazer grandes compras. Com salário estável, tinha seis cartões e usava todos ao mesmo tempo, mas perdeu o controle quando começou a fazer compras do dia a dia. Atualmente, ele tem uma dívida de R$ 15 mil.
“Os juros são exorbitantes. Não pretendo ter crédito nunca mais. Agora me reeduco financeiramente”, afirma.
Para Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, o descontrole comprova a cultura popular de que o cartão é extensão do salário. “É uma boa ferramenta para gastar, mas há a fatura.”
Com o orçamento apertado, o brasileiro tem deixado de comprar bens duráveis no cartão e usado o crédito para pagar compras de supermercado e remédios.
Segundo a pesquisa do SPC, essas despesas foram citadas por 63% e 47% dos consumidores, respectivamente.
O educador financeiro Rogerio Favalli alerta para os perigos de fazer compras de produtos que serão consumidos antes do vencimento da fatura. “Além de pagar a conta do crédito, você provavelmente precisará comprar mais comida e remédio.”
A professora Sayuri Hamada, 27, sempre fez compras de supermercado no crédito.
Segundo ela, como o salário era insuficiente, essa foi a solução encontrada. “Depois percebi que não deveria gastar isso no crédito, mas não tinha jeito. Era necessário.”
Hoje, ela tem uma dívida de R$ 3.000. “Já tentei negociar, mas as propostas são injustas. Não consigo me comprometer com uma parcela por 15 meses.”