2016-08-02 20:17:04
Por Gabriel Alves.
Será que a melhor dica antizika para o verão é trocar a cerveja e a coca-cola por chá-verde? Uma substância presente na bebida é capaz de inibir a infecção de células pelo vírus da zika, mostra um novo estudo.
Trata-se da molécula epigalocatequina galato (EGCG). Ela conseguiu, em estudo com culturas de células, inibir ao menos 90% da entrada do vírus da zika. Já havia sido demonstrado que a molécula era capaz de bloquear vírus como os da hepatite C e da influenza e também o HIV.
Estudos anteriores em ratos mostraram que o EGCG é capaz de cruzar a barreira placentária e, portanto, poderia proteger o feto. Além disso, não há registro de que a molécula possa causar más-formações nos fetos dos roedores.
Essas duas características podem ser uma boa pista a respeito do potencial de o EGCG se tornar um medicamento que protegesse mãe e bebê.
A pesquisa foi realizada por cientistas brasileiros da Unesp e da Famerp (Faculdade de Medicina de Rio Preto) e foi publicada na revista “Virology”.
LIMITAÇÕES
Apesar de ter sido feito dentro dos padrões de rigor esperados de um estudo sério, a capacidade de resolver problemas da pesquisa ainda é limitada.
Cabe questionar: alguma das doenças (hepatite C, Aids e gripe) já foi efetivamente prevenida em humanos com uso do do EGCG? Nada foi provado até agora.
Claro que todo avanço é bem-vindo, ainda mais em tempos de crise. No entanto, temos sempre que basear a discussão em evidências sólidas e, mesmo assim, desconfiar.
O caso da fosfoetanolamina é o antiexemplo simbólico. Há poucas evidências de que ela pode funcionar e, mesmo assim e muitas delas acabaram sendo postas em xeque com os novos testes, encomendados pelo Ministério da Ciência.
Para não cair no conto do vigário (e trocar a cerveja e a coca por chá-verde), aguarde pelo menos os próximos passos da pesquisa do EGCG –os testes em animais. E aí que (literalmente) o bicho pega.