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O Viagra reduz o risco de Alzheimer?

Viagra e Alzheimer

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Viagra e Alzheimer – Na última semana, uma notícia de 2 anos atrás voltou a fazer eco aqui no Brasil.

 

Trata-se de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, pelo National Institutes of Health Studies, envolvendo o uso do Sildenafil, princípio ativo do medicamento Viagra, como provável método de tratamento para a Doença de Alzheimer.

 

Leia também: Organização Mundial do AVC alerta que 90% dos derrames são preveníveis

 

Antes de trazer um pouco de luz para este assunto, é sempre importante lembrar que pesquisas científicas, independente do viés que possuam, podem muitas vezes trazer evidências muito diferentes daquelas inicialmente propostas. Portanto, quando se apura resultados de um estudo, às vezes acerta-se num alvo no qual não houve mira! Me refiro a descobertas que revolucionaram a ciência, embora tenham sido fruto do acaso. Aliás, o próprio Viagra é um exemplo disso, pois de um medicamento idealizado para tratamento da angina, acabou se tornando uma droga revolucionária, sob todos os aspectos, para o tratamento da disfunção erétil.

 

Pois bem, mas a pergunta que não quer calar. Pode mesmo o Viagra ser usado como tratamento da demência de Alzheimer como mostra a pesquisa?

 

A resposta é clara e objetiva: não!

 

A pesquisa avaliou mais de 1600 medicamentos em cerca de 7 milhões de pacientes e observou-se uma queda do risco de desenvolver Alzheimer nesta faixa, mas isto é apenas um recorte, de tal maneira, que pode-se abstrair outras ideias, como por exemplo, que, quem tem disfunção erétil teria uma menor suscetibilidade de desenvolver Alzheimer. Claro que não!

 

Não houve um estudo randomizado em pessoas com Alzheimer, em diferentes estágios da doença, e se houvesse alguma intenção de prevenção, deveria envolver fase prodromal. Não houve também acompanhamento clínico de sexo e faixas etárias. Também não ocorreu medição dos níveis das proteínas envolvidas no processo fisiopatológico de Alzheimer.

 

Viagra e Alzheimer
Viagra e Alzheimer

 

Vamos a algumas observações:

– O estudo comparou pessoas que usam Viagra com pessoas de faixa etária mais avançada, portadoras de diabetes, hipertensão e outra comorbidades. Obviamente que os participantes mais velhos terão mais predisposição a desenvolver demência quando comparados a mais jovens que usam Viagra.

 

– Em um outro estudo, comparou-se pessoas com hipertensão arterial pulmonar (HAP) e pessoas com Alzheimer. A sobrevida de uma pessoa com HAP é de aproximadamente 3 anos, enquanto pessoas com Alzheimer podem viver 10 anos ou mais, dependendo do momento do diagnóstico, acesso ao tratamento, dentre outros fatores. Ou seja, estudo não conclusivo para estes perfis acima.

 

E finalmente, pela ação na enzima fosfodiesterase-5, o Viagra melhora a condição circulatória, inclusive podendo trazer benefício nas condições cérebro vasculares, mas é apenas uma hipótese e ainda assim não há como biologicamente atuar impedindo as placas senis e os emaranhados neurofibrilares.

 

Estes estudos pretendem avaliar o reposicionamento de drogas no mercado, detectando medicamentos úteis em doenças para as quais não foram necessariamente avaliados.

 

Podemos concluir com tranquilidade que não há evidência alguma do uso do Viagra no tratamento da demência de Alzheimer.

 

Atualmente existem ao menos 10 drogas em fases intermediária e final, que considero promissoras para tratar e quem sabe curar o Alzheimer. Tomara, em breve, tenhamos boas notícias!

 

Gustavo Alves Andrade dos Santos

Farmacêutico, Doutor em Biotecnologia

Professor na Faculdade de Medicina São Leopoldo MANDIC de Araras

Coordenador do grupo de Cuidado farmacêutico ao Idoso do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.

Twitter: @gustavofarmacia

Instagram: @gusfarma   Email: gusfarma@hotmail.com

 

 

Foto: Reprodução
Fonte: Coluna Sincofarma / Gustavo Alves