O Ministério da Saúde está recompondo o estoque de medicamentos federais e estaduais para evitar novas perdas como as ocorridas em 2023. O objetivo é monitorar os produtos próximos do vencimento e buscar alternativas, como doações a hospitais públicos. As informações são da Folha de S. Paulo.
No ano passado, a pasta descartou ao menos R$ 1,2 bilhão em produtos que perderam a validade, sendo R$ 1 bilhão em vacinas contra a Covid e mais de R$ 150 milhões em medicamentos do chamado “kit intubação”. Essas drogas foram adquiridas em larga escala no governo anterior, mas com atraso, quando o SUS ficou desabastecido de analgésicos e bloqueadores neuromusculares na pandemia.
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A atual gestão considera que herdou de Bolsonaro um estoque desorganizado e repleto de produtos com validade curta ou já vencidos. As vacinas da Covid, por exemplo, venceram no primeiro trimestre. O ministério afirma, contudo, que evitou o desperdício de outros R$ 251,2 milhões em vacinas em 2023. “O valor equivale a mais de 12,3 milhões de doses”, diz a pasta.
Dificuldade de gerir o estoque de medicamentos
Embora a dificuldade de gerir o estoque de medicamentos tenha sido apontada no relatório de transição do governo, o ministério só nomeou em maio o atual diretor de Logística, Odilon Borges de Souza. Antes disso, a pasta chegou a perder cerca de 1,2 milhão de testes de Covid, avaliados em R$ 42 milhões, e 56 milhões de pílulas anticoncepcionais. O ministério afirma que conseguiu repor parte dos métodos contraceptivos ao trocar os lotes vencidos por novos com a fabricante.
Os produtos do Ministério da Saúde ficam armazenados em Guarulhos (SP). Uma empresa privada faz a administração do estoque e também lida com a incineração dos insumos vencidos.
Recompondo o estoque de medicamentos
O governo prepara nova licitação para este serviço, tido como um dos mais estratégicos e caros da pasta. Em 2018, o contrato de gestão do estoque superou R$ 1 bilhão.
A equipe da ministra Nísia Trindade também encontrou serviços críticos sem cobertura contratual, como o de armazenamento das vacinas da Pfizer contra a Covid. Ainda na gestão Bolsonaro, o acordo com a empresa que guardava esses imunizantes expirou, e a pasta fez um arranjo por e-mail para manter o serviço e pagar mais tarde —ou seja, por reconhecimento de dívida.
O ministério se deparou ainda com milhares de toneladas de aventais doados ao Brasil durante a pandemia com validade curta. A pasta estima que já gastou mais de R$ 26 milhões apenas para armazená-los. O plano é doar as roupas de proteção para cooperativas de reciclagem.