Nas redes sociais, vídeo viral engana ao afirmar que o remédio homenageia a cantora Rita Lee. Entenda a verdadeira origem do nome do metilfenidato, que ganhou fama de ‘fórmula mágica’ da cognição, principalmente por universitários e concurseiros.
Nas redes sociais, um vídeo atribui o nome do medicamento Ritalina a uma homenagem à cantora Rita Lee. No conteúdo, a artista aparentemente afirma que o nome do remédio foi escolhido em sua honra. No entanto, a publicação não passa de um deep fake – um vídeo manipulado digitalmente para criar essa falsa impressão.
A alegação, desmentida pela própria assessoria da cantora e da farmacêutica responsável pelo medicamento, não tem base alguma e vai contra a história real e documentada sobre o nome do remédio (entenda mais abaixo).
Mas o fato é que a Ritalina, um psicoestimulante tarja preta indicado para tratar transtornos psicológicos, tem sido usada, de forma indiscriminada, por muitos jovens, principalmente universitários e concurseiros, que acreditam que ela pode turbinar a inteligência e melhorar a concentração.
⬜⬛⬜ ‘TARJA PRETA’: É um medicamento de controle especial, com alto potencial de dependência, e só pode ser vendido com receita médica retida.
No entanto, especialistas ouvidos pelo g1 alertam que ese uso do metilfenidato traz riscos à saúde e não há comprovação científica de que ele realmente “aumente a inteligência”.
Abaixo, entenda os motivos.
Ritalina x Rita Lee
A verdadeira história por trás do nome Ritalina é bem diferente do que sugere o vídeo viral. O medicamento, cujo princípio ativo é o metilfenidato, tem suas origens na década de 1940, muito antes de Rita Lee se tornar uma figura pública.
A história toda começa em 1944, quando o químico Leandro Panizzon, então funcionário da empresa farmacêutica suíça Ciba (hoje conhecida como Novartis), sintetizou pela primeira vez o metilfenidato.
Como era comum na época, Panizzon testou a nova substância em si mesmo, mas não notou efeitos significativos.
Intrigado, o cientista decidiu oferecer o composto à sua esposa, Marguerite Panizzon, que sofria de pressão baixa.
Surpreendentemente, após uma partida de tênis, Marguerite relatou uma melhora notável em seu desempenho, aparentemente relacionada à ingestão do metilfenidato.
Foi aí então que o químico teve a ideia de batizar o novo medicamento. Inspirado pelo apelido carinhoso de sua esposa, “Rita”, ele criou o nome “Ritalina”.
Assim, o medicamento que viria a se tornar mundialmente conhecido recebeu seu nome em homenagem à Marguerite Panizzon, a verdadeira “Rita” por trás da Ritalina.
A Ritalina foi então patenteada em 1954 e introduzida no mercado em 1955 para tratar diversas condições, incluindo depressão, fadiga e narcolepsia. Nos anos seguintes, estudos demonstraram seus efeitos positivos em sintomas de impulsividade, hiperatividade e transtornos de atenção.
Por isso, um fato curioso nessa história é que, quando a Ritalina foi lançada, Rita Lee tinha apenas 8 anos de idade.
Ao g1, a assessoria da cantora também negou qualquer relação com a origem do nome do medicamento.
Já a Novartis, atual fabricante da Ritalina, esclareceu que o nome do produto tem como precursor o ácido ritalínico, descartando também qualquer conexão com a artista brasileira.
“Considerando que Rita Lee nasceu em 1947, e a marca foi depositada em 1956, quando a cantora e compositora tinha apenas 9 anos de idade, não há fundamento na afirmação de que o medicamento teria sido batizado em homenagem à artista.“