2021-03-26 10:00:21
Que farmacêutico não tem uma boa história de balcão para contar?
Por Veronica Soares
Minha primeira grande história de balcão aconteceu, logo que recém formada, assumi a responsabilidade técnica de uma das mais tradicionais drogarias do centro da cidade de Araraquara-, interior de São Paulo.
A Drogaria Nove de Julho era praticamente um patrimônio histórico da cidade. Ficava bem em frente à igreja Santa Cruz e as principais paradas de ônibus daquele município.
Os balconistas de lá tinham de tempo de farmácia em média 30 anos. E enquanto eu… não tinha esse tempo nem de vida!
E lógico, sabia um monte de teoria de nome de princípio ativo de medicamento, mas não sabia nada de atendimento. E este estágio não ajudou muito, uma vez que eu queria a área de pesquisa e realmente deixei a desejar.
Mas vamos ao caso.
A Drogaria abria as 07 horas da manhã, logo após o término da missa. Religiosamente, o senhor Albertine, que era o proprietário, abria as portas da farmácia e saia para buscar o nosso pãozinho quente, delicioso, para que nós tomássemos café! Aííí… do cliente desinformado, que chegasse nesse momento.
Eu ficava mais tempo, porque lançava o livro de controlados de tudo que tinha no balcão. Mas…aquele precioso dia, estava tranquilo, terminei o café e fiquei por ali, observando a farmácia, quando de repente um senhor chegou, e sem enrolação me pediu:
– senhor: Dona, pode me vê Pó pá tapa Táio, quero um só!
Poxa, não me ensinaram isso!! Que raio de medicamento é esse? Eu mal tinha entendido o que ele tinha falado! Mas me lembro que até fiz uma cara de dó.
De repente, o senhor Sartori, o balconista mais simpático, surgiu do além… Pegou um frasquinho de Anaseptil Pó, entregou ao cliente que foi todo feliz embora…
Mas como ele sabia?? que língua era aquela?? 
Nesse momento percebi que o balcão poderia ser um mistério e que eu só estava começando…
O pessoal havia associado a Anaseptil, que servia como cicatrizante, a uma música sertaneja, do Velho Milongueiro, que adivinhem… Chama: PÓ PA TAPÁ TÁIO
ligue o som e aproveite e ouça aqui: PÓ PA TAPÁ TÁIO
Como o senhor Sartori sabia disso? como ele mesmo me disse:
– Senhor Sartoni: Anos de experiência, menina!!
Veronica Soares é farmacêutica Bioquímica pela Universidade Júlio de Mesquita e mestre em Biotecnologia pela UNESP Araraquara.
Doutoro em Biologia e Docente na Unip, UniAnchieta, cursos de Pós-Graduação pelo ICTQ, Racine e Ipupo.
É professora de cursos no Sincofarma/SP e responsável pela técnica da TeleFarmácia no sistema TeleFarma24.
O Sincofarma/SP, através da Veronica Soares, começa uma série de publicação para manter viva as conversas e lendas de balcão
Se você tem alguma história de balcão, nos envie!
e-mail: comunicaca@sincofarma.org.br
