2019-01-14 10:00:08
Mulheres já foram curadas, mesmo com dificuldades no tratamento padrão; segundo Ministério da Saúde, não há registros deste tipo da DST no Brasil.
Duas mulheres no Reino Unido foram infectadas com uma “supergonorreia”, despertando forte preocupação em profissionais de saúde.
Ambas foram curadas da infecção, marcada por ser resistente ao tratamento padrão para a doença sexualmente transmissível (DST).
A Public Health England, agência vinculada ao serviço de saúde do Estado britânico, reforçou a importância do uso da camisinha.
Uma das mulheres parece ter sido infectada no continente europeu; a outra provavelmente dentro do próprio Reino Unido.
Mas, para Nick Phin, da Public Health England, é “injusto” dizer que a “supergonorreia” esteja atualmente circulando na região.
“Na verdade, isso traz a mensagem de que estes organismos vão se espalhar globalmente e você pode contraí-los no Reino Unido”, destacou.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, não há registro de gonorreia super-resistente no País. No caso da gonorreia, apesar de não ser uma doença de notificação obrigatória no Brasil, estima-se que surjam 500 mil casos novos ao ano – com prevalência de aproximadamente 1,4% na população de 15 a 49 anos.
Ainda de acordo com a pasta brasileira, recomenda-se a busca pelo serviço público de saúde no caso de sintomas. Se confirmada a doença, o tratamento oferecido é gratuito e deve se estender também aos parceiros sexuais.
O que é a gonorreia?
A doença é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae.
A infecção se espalha por meio do sexo desprotegido vaginal, oral e anal.
Sintomas incluem corrimento de líquido grosso de cor verde ou amarela saído de órgãos sexuais, dor ao urinar e sangramento no período entre as menstruações.
No entanto, infecções vaginais e retais frequentemente não apresentam sintomas.
Quando não tratada, a gonorreia pode levar à infertilidade, à transmissão ao bebê durante a gravidez e à doença inflamatória pélvica.
Casos no Reino Unido
Não há conexão pessoal ou coincidência de parceiros sexuais ligando as duas mulheres que foram tratadas no Reino Unido.
Mas ambas foram infectadas com uma versão da gonorreia resistente à primeira escolha de antibióticos – uma combinação de azitromicina e ceftriaxona.
Estes registros não estão conectados ao caso considerado o mais preocupante no mundo, detectado no Reino Unido em 2018 depois de uma viagem de um homem para o Sudeste Asiático.
Ao aplicar o tratamento tradicional contra a doença – uma combinação de azitromicina e ceftriaxona – os especialistas constataram que o homem não respondia aos antibióticos.
Os especialistas tentam agora encontrar os parceiros sexuais das duas mulheres que registraram a doença no Reino Unido. “Tentamos nos conectar aos contatos (de pessoas que podem estar envolvidas no ciclo de transmissão das duas mulheres) o máximo possível – mas pode ser difícil, particularmente se não há detalhes sobre elas”, diz Phin.
“É possível que haja outros casos. Definitivamente, estes foram os primeiros casos que coletamos”.
A bactéria Neisseria gonorrhoea rapidamente desenvolveu resistência a novos antibióticos.
Também há casos crescentes registrados no Japão, Canadá e Austrália.
Olwen Williams, presidente da Associação Britânica para Saúde Sexual e HIV, disse: “Estamos profundamente preocupados com estas novas evoluções (de casos)”.
Já Paddy Horner, da Universidade de Bristol, afirmou à BBC: “Temos que esperar e ver o que acontece. Mas é só uma questão de tempo para que (a bactéria resistente) chegue ao Reino Unido. Quando as pessoas se misturam sexualmente, (a doença) pode ter uma expansão bem rápida e a preocupação é que ela se estabeleça”.