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A economia da longevidade vai longe

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2017-07-13 13:00:08

 

Em sua última edição, a revista britânica “The Economist” trouxe uma reportagem especial sobre a economia da longevidade, lembrando que, em 1950, apenas 5% da população mundial tinham mais que 65 anos; em 2015 esse percentual era de 8%; e em 2050, será de 16%, sendo que os países ricos vão puxar o bloco dos cabelos brancos. Há pessimistas (entre eles, o Fundo Monetário Internacional, o famigerado FMI) preocupados com o desequilíbrio entre a decrescente mão-de-obra jovem e idosos recebendo suas aposentadorias e sobrecarregando o sistema de saúde. É o que a publicação chamou de “bomba relógio prateada”, mas há alternativas para que o envelhecimento esteja mais para bônus do que para ônus. Em primeiro lugar, como este blog já assinalou diversas vezes, há o fato incontestável de que esses novos velhos, da geração baby boomer, são diferentes. É cada vez maior o contingente de pessoas com 65 anos saudáveis e ativas que continuarão produzindo não só porque precisam, mas porque querem e podem, ou seja, têm capital social e intelectual para isso. De acordo com “The Economist”, é o que pode desarmar a “bomba prateada” e resultar numa oxigenação na economia, com novos serviços e, principalmente, empreendedores da terceira idade.

Nos EUA, os que estão na faixa entre 55 e 65 anos têm 65% mais chances de abrir seu próprio negócio do que os adultos entre 20 e 34 anos, de acordo com a Fundação Kauffman. No Japão, já há empresas que ajudam seus empregados a dar os primeiros passos no empreendedorismo. A revista relata que a seguradora Aegon descobriu numa pesquisa que mais da metade dos trabalhadores acima dos 55 anos gostaria de ter uma transição flexível até a aposentadoria, mas apenas 25% disseram que seus empregadores concordariam que eles trabalhassem meio período. De acordo com o responsável pela política de diversidade do Deutsche Bank na Alemanha, os colaboradores seniores podem até ser um pouco mais lentos no dia a dia operacional, mas cometem menos erros, de modo que a empresa prefere grupos intergeracionais.

Infelizmente, aqui e lá fora, a maioria não consegue poupar o suficiente. O Brasil fica na lanterna de uma lista de dez nações, com o menor percentual de população acima dos 15 anos que declara economizar para a aposentadoria. Esse foi o diagnóstico do economista José Roberto Afonso, da Fundação Getúlio Vargas carioca: somente 4,7% dos 60% mais ricos guardam dinheiro com esta finalidade e, entre os 40% mais pobres, a participação fica em 2,1%. O Brasil fica mal na foto até em relação a outros países de baixa renda, portanto temos muito a aprender e ensinar a nossos filhos e netos. Mesmo assim, os novos velhos têm mais dinheiro para gastar que as gerações anteriores. A estimativa é de que o poder global de compra dos baby boomers ultrapassará R$ 30 trilhões em 2020, conformepesquisa mundial sobre consumo encomendada pela Tetra Pak, que entrevistou 40 mil pessoas. O mercado de tecnologia pode viver um boom para garantir o máximo de autonomia e independência aos idosos. Os produtos financeiros terão que se adaptar à longevidade. Na área de saúde e bem-estar, a gama de serviços é quase ilimitada, já que as pessoas conviverão décadas com doenças crônicas. Esse grupo também quer diversão: nos EUA, 40% dos turistas de aventura, que fazem trekking ou vão para destinos exóticos, passam dos 50 anos. A consultoria McKinsey prevê que, até 2030, a maior parte do crescimento no consumo nas grandes cidades virá da faixa acima dos 60 anos.