A marca própria das farmácias brasileiras pede passagem e, pela primeira vez, divide espaço com fabricantes tradicionais no ranking de venda de produtos no PDV. Cinco grandes redes estão no top 100 em unidades, sendo que quatro já movimentam três dígitos em faturamento.
Os dados da Close-Up International levam em conta os últimos 12 meses até junho e consideram inclusive as marcas próprias de medicamentos comercializadas até o veto da Anvisa, em dezembro do ano passado.
A Raia Drogasil (RD) figura na 23ª posição em volume, com 86,1 milhões de unidades vendidas, bem à frente do Grupo DPSP, Pague Menos e Panvel e Drogaria Araujo. Juntas, essas empresas respondem por 5% dos mais de 151 milhões de itens que saíram das prateleiras no período.
Líder do varejo farmacêutico nacional, a RD é a única a estar também no ranking geral de receita, graças aos R$ 620,3 milhões alcançados no período – evolução de 10,3% frente aos 12 meses anteriores. A rede, que estreou nesse segmento em 2010, está na 23ª posição geral e em 12º lugar na análise específica sobre as fabricantes de não medicamentos (higiene pessoal, perfumaria, cosméticos).
As quatro varejistas que aparecem entre as 100 líderes de receita somam movimento de R$ 1,01 bilhão.
Marca própria das farmácias ganha caráter prioritário na agenda
A marca própria das farmácias obtém resultados expressivos à medida que ganha relevância na agenda estratégica de expansão das redes. Um estudo da Nielsen encomendado pela Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro) ratifica essa tendência ao apontar alta de 27,4% do faturamento com produtos dessa categoria no varejo farmacêutico latino-americano, contra 3,5% da média global.
Na Panvel, a margem bruta desses produtos já é seis pontos percentuais acima da margem bruta da rede como um todo. O portfólio de marca própria da empresa soma mil itens. Para absorver essa demanda, o Laboratório Lifar, que integra o Grupo Panvel, está investindo na modernização de sua fábrica em Porto Alegre (RS).
“Durante muito tempo investimos em versatilidade e montamos uma estrutura fabril que nos permite desenvolver uma série de produtos e embalagens. Temos potencial para crescer nesse caminho”, avalia o diretor executivo de Operações, Roberto Coimbra.
A DPSP também prevê esforços redobrado para alavancar essa operação e estipulou a meta ambiciosa de R$ 500 milhões em vendas da categoria, com 790 SKUs. A estratégia para atingir essa meta passa pelo lançamento de 210 itens, a começar por uma linha de desodorantes. O grupo prepara ainda os novos portfólios de produtos para casa, por balas de gengibre, doces sem açúcar e barrinhas de proteína e de cereais.
“O incremento ocorrerá a partir de novas famílias de produtos, mas também por artigos que estão em curva de maturação. Um exemplo é a linha infantil Ever Baby, na qual temos um market share bem maduro”, revela Andrea Sylos, diretora comercial e de marketing.
Marca própria das farmácias ganhou fôlego com inflação
A marca própria das farmácias começou a acompanhar uma tendência geral do varejo, especialmente a partir dos últimos dois anos. À medida que a inflação registrava viés de alta e apertava o freio do consumidor, a procura por esses produtos avançava nas gôndolas.
“E as estimativas são de consolidação desse desempenho. O varejo vem se mostrando um canal primordial na estratégia de construção de marcas próprias, a exemplo do que vemos nos supermercados e também no segmento de vestuário”, avalia a presidente da Abmapro, Neide Montesano.
Segmento terá evento inédito em setembro
Uma das provas da força do segmento de marcas próprias é a criação de um evento inédito. Organizado pela Francal Feiras e pela consultoria Amicci, o PL Connection projeta receber 3 mil visitantes e 40 expositores entre os dias 19 e 21 de setembro, no Expo Center Norte (São Paulo-SP). O Panorama Farmacêutico será uma das mídias oficiais.
